Gemem os arvoredos
E as pedras também.
É o Inverno das fomes e dos medos,
Das ânseas e das dôres,
É o Inverno nos Açores
O vendaval além vai gritando,
Fustigando,
Os corpos cerados.
E da alma das gentes
Vão surgindo preces
De lábios que se movem,
E vão rezando
A bruma vai cobrindo,
E o dia indo.
De oeste a ventania não se cansa,
Fazendo da "morte" a sua herança.
E o Pico lá longe
Vai-se escondendo,
Na maresia alva de sal,
Que se aleiva na calva do Canal.
Pelos fios sopra o vento, arrulhando
E quem passa na rua,
Vai-se curvando
E é no remanso do pequeno lar
Que fico pensando,
No frio que no mundo vai grassando,
E no pão que falta a tanta gente;
E nos Invernos que tantos vão calando,
E nos peitos que se vão dilacerando.
É que para uns a vida é mesmo Inverno,
Com ventos, chuvas e frios de rachar
Enquanto que para outros pode ser cómodo Estio
Ou mesmo Primavera de embalar...
Humberto Moura
Jan. de 1996
Caro Sr.
ResponderEliminarÉ com muito gosto que leio os seus textos de uma simplicidade tão humana. É com uma identificação pessoal, que me regalo com cada sua ideia... Os meus sinceros parabéns, e os votos de uma prolongada inspiração pelas letras... Abraço Fraterno
João de Jesus
Muito lhe agradeco. Um bem haja em nome do pensamento e da Vida.
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