sexta-feira, 29 de abril de 2011

CABEÇAS COROADAS

Quem ocasionalmente se aventurar a abrir hoje a pequena caixinha de surpresas que revolucionou o mundo, sentir-se-a aturdido com o casamento do século:  o de William and Kate.
Tanta realeza e tanta festança. Poderá até pensar-se, em  fausto,  fantasia,  loucura ou se calhar,  estupidez.
Que se pretende com tudo isto? Branquear a vida? Ou branquear simplesmente as cabeças mais coroadas desta Europa a várias velocidades? Isto num mundo que elegeu o cepticismo como parceiro privilegiado do dia-a-dia. E com certa razão.
É ver o panorama dos sem terra e dos sem pão. Dos famintos,  dos deserdados. Dos que não têm uma codea...para roer...
Falar-lhes em perucas, ou de condes e de barões, de palácios encantados, e de primeiras damas, ou de frondosas caudas de vestidos nupciais de quinze metros, é no minímo, um exercício de incongruência   bem ridiculo. Mais do que isso: escandaloso.
No entanto, parabens e felicidades aos jovens noivos. Coitados. Não têm culpa da palhaçada de que são alvo e estão a protagonizar...
A TV e os Media que o digam...Ganha-se  dinheiro com isso...
É caso para dizer: God save de King.
E já agora, the Queen, mesmo velhinha como está...

domingo, 24 de abril de 2011

Lembras-te disto?! Se não, toma lá !

Cheguei a este mundo, num  desavindo e desvairado camarote, de  avelhentada nave espacial de terceira classe.
Adávamos por essa altura em meados dos anos trinta do século passado.
Aqui pelos Açores, vestia-se o que calhava. Havia uns felizerdos ( poucos?), que se entretinham a receber os saquinhos com  as roupas da América, com um cheiro tão caracteristico que ganhou memória, encontradas talvez no Salvation Army ou nalgum outro e recatado caixote de lixo ao virar da esquina. Mas isto era oiro sobre azul...
Comia-se muito mal. A linguiça e os ovos eram os pratos, não direi favoritos, nem de referência, mas   de resistência. A primeira, porque o anafado e pachorrento porco, era o mealheiro, o  grande companheiro e o amigo da  rotina da vida,  que se alimentava tácita e pobremente dos miserandos restos que sobravam do dia-a-dia e (helas!),  a subsistência certa,  inevitável e possível, depois de levar a naifada no pescoço...  
Galinha? Esta aparecia  em dias festivos (nem sempre). e era garroteada a preceito  em  ambiente  familiar...e recatado...
Já por essa altura os sacrifícios e os sarcófagos, ou melhor esses sacrificios, muito me impressionavam.
 Porquê as galinhas? Ou  as vacas, essas até sacrificadas alegremente com direito a despojos de exposição, nas festas ao Divino? Ou até os cordeirinhos, esses  tão exaltados  na doce e inigmática linguagem biblica judaico-cristã?
Imolados? Era isso. Mesmo sem qualquer culpa formada, a não ser a que lhe conferia da obrigação ou  do direito de  virem a este mundo, pela mesma Mão...a que cá nos colocou ...
Tudo isto  fo-me moldando, modelando e dando uma percepção mais curiosa e activa da vida e da forma como a encarámos e vivemos.
E a conclusão veio mais cedo do que se supunha: vivemos sacrificando tudo   o que nos rodeia e não só...
Incluindo, vejam só , o nosso  semelhante...
Mesmo rodeados de religiões por todos os lados... até por cima...

quinta-feira, 21 de abril de 2011

QUE BOM!

Sou levado a pensar, que mesmo tocados pelo estigma  da crise ou da bondade, somos pródigos, em muita e muita coisa... Ora se não, vejamos: são os feriados, as pontes, os dias pios, os  santos, os santificados...
É ver como o pais pára, impávido e sereno,  quase uma semana, para assistir às exéquias da Semana Santa... Superior e mais ortodoxo, só mesmo no reino das Filipinas...
Diz-se que são uns quantos milhões que se perdem, (fala-se de 20, só na tolerância de ponto). E em 650
em cada dia que passsa...sem trabalho. E as pontes rondam os 850 milhões...
Oxalá que os finlandeses não se apercebam disso. Nem o FMI.
Afinal como é bom  ser cristão, neste jardim de brandos costumes à beira-mar plantado...
Ou não  ser, e fazer de  conta de  que se é...Porque afinal, e bem vistas as coisas, também dá no mesmo...

terça-feira, 19 de abril de 2011

MÉDICOS A MAIS?

Já  vão quase duas décadas. Uma senhora Ministra da Saúde muito conceituada no tempo, disse  da sua justiça: havia médicos a mais. Era preciso fechar   Faculdades de Medicina. Lembro-me muito bem de que  houve quem andasse com as calças na mão. Então? E os cinco e seis anos que andámos para aqui a malhar ? E aqueles lindinhos cadernos de Anatomia? Que custavam um dinheirão e muitos anos para  por na cachola?
 Não! Não havia mais nada para ninguém...
Houve quem quisesse ver naquilo uma birra. Outros, uma tremenda estupidez. Então? Não havia país nenhum que se gabasse  de que tinha médicos a mais. Mas nós,  os portugueses, tinhamos . " Só que, o haver havia, agora é que já não há". Até parece  o slogan do canalizador do gaz...isto numa Europa que se queria a zero velocidades...
E a solução ao fim destes anos todos aí está: médicos espanhóis por todo o lado...
E agora, que já não chegam, vêm-nos da Colômbia. Qualquer dia, do Saara. Nada tenho contra esses profissionais, são sempre bemvindos desde que sejam competentes, mas vejam ao que isto chegou. Recusavam-se naquela altura candidatos com médias de quase vinte valores para entrar em Medicina...
Quantas expectativas frustradas? Quantas perdas e quantos danos?
E ninguém se responsabiliza ou responsabiliza, quem tanta culpa teve nesse cartório...Será que a memória é  curta? Ou convirá que assim seja?
É preciso não esquecer que um desses profissionais leva no minimo quatorze ou quinze anos a lá chegar...
 É altura de responsabilidades, de pedir responsabilidades também aos políticos, mas  o que se nota é exactamente o contrário. Arranjam-se-lhes quase sempre um final feliz e boas pousadas para sonhar...e ganhar bem a vidinha...

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Uma Europa a Várias Velocidades...

Não poderei dizer que fui ou que sou o que muitos cognominavam  de  eurocéptico. Mas lá que sempre tive dúvidas quanto à consecução do projecto da União Europeia? Ai, que sempre as tive!
Países cultural, económica e politicamente tão diferentes, unidos apenas   pela moeda e pouco mais?
Era algo bom demais para  ser verdade. E depois,  os lobões e os lobitos além Atlântico sempre  à espreita e a verem nisso mais uma ameaça e o ruir do seu próprio império? E o dólar todo poderoso? E a solidariedade? E depois, uns muito mais ricos, outros muito mais pobres, mais  ou menos  industrializados, mais ou menos rurais ou se calhar  mais atrasados? Onde os colocar? Em que galáxia?  Como reequilibrar ou conciliar essas diferenças?
Ora! E aí temos a resposta, uma dúzia  de anos passados: cada qual  mostrando  quanto vale e a  querer fugir  para o seu lado.
Por baixo começou por ficar a débil Grécia; depois surgiram vários outros países, desde a Irlanda, à Islândia, passando por Portugal, com muitos outros na lista de espera ou na rampa de lançamento, alguns que se pressupunha  que fossem  poderosos...
Por cima, como não podia deixar de ser,  foram ficando os bons, os " solidários", aqueles que nem por nada  querem entrar no jogo e no cardápio...Amanhem-se lá como quiserem e puderem, é o que dizem. E há também os larápios, os que engordam à custa disto tudo e da miséria dos outros. E há também  os que se rebolam de gozo, porque a CEE ou a UE, afinal era  uma farsa. Mas há os que apertam o cinto e os que acreditaram e precisavam disto como de pão para a boca...para redenção da sua  penúria...
Ora a ver vamos até onde isto   chega...
Não vivemos  numa alcateia de lobos bem treinados, "numa aldeia global"? Sempre prontos para o que der e vier...Pois então?!
Cada vez mais me convenço de que o homem é isto mesmo: um predador à altura do século que criou...Ou se calhar, inventou...?