domingo, 20 de novembro de 2011

À HORA EM QUE OS PÁSSAROS CANTAM MADRIGAIS À SUA AMADA.

Esta noite sonhei alto, acordado, à hora em que os pássaros cantam madrigais à sua amada. E o que sonhei, não lhes vou contar, porque sei que não gostam de perder tempo, principalmente com palavras ôcas, ou idéias loucas...Porque essas quando acontecem, merecem orelhas moucas...Basta-nos a Internet ou a conversa fiada de alguns políticos da praça e até de alguns autores, que nem sequer são escritores, porque estes em boa hora, já são bem raros, quando não têm a cara tapada...Ou não aparecem por detrás dos écrans bem pagos, da nossa redentora e apreciada TV.
E de tudo isto, colhi e retirei ensinamentos e algumas contradições... Que por exemplo, a grande gesta portuguesa, nem sequer foi a assegurada pelos descobridores ou pelos descobrimentos. A maior, foi indubitavelmente a construção da sua língua, porque essa, além de rica, é falada no espaço imenso que os portugueses criaram ou foram a isso obrigados(?).
É aí que as primeiras iniciativas, de espalhar, um incipiente galaico-português, foram projectadas em mar aberto, em regiões insulares, que continuam curiosasmente portuguesas, no meio de um Atlântico salgado, que, segundo doutas ou iníquas opiniões, une (?) mais do que separa.
Estou a falar por exemplo, dos arquipélagos dos Açores e da Madeira, sobretudo do arquipélago dos Açores.
E o que vejo, dá-me vontade para rir. Ou melhor, vontade para ficar indignado. Isto porque, mesmo com os atempados relatos dos Gamas e dos Cabrais e de outros que tais, continuam tão desconhecidos como no tempo do seu achamento, que é suposto ter sido por volta de 1427.
E porque a língua une, e porque a cultura aproxima, segundo alguns e porque a igualdade suporta isto que se está a tornar numa balda e que se chama Democracia, fico a pensar, quando vejo o que se passa à minha volta, mais concretamente em termos culturais, que o mundo português é-, Lisboa e algum Continente-, e que o resto fica deliberadamente à mercê de um apagão. Estou a falar por exemplo, de eventos culturais (lançamento de livros, peças de teatro, música etc. etc) , quando os das antigas chamadas colónias, vêm à ribalta e a rôdos, com todos os seus contornos e movimentos bem artilhados na comunicação social. É que a comunicação social açoriana afoga-se com a distância...São mil e seiscentos quilómetros de mar...
Mas será por isso, que os escribas dessas plagas, são melhores ou mais bem apetrechados do que os nossos? Será que todo este circuito infernal ou comercial do livro e de outras minudências e formas de arte ou de cultura, está mais desimpedido para aquele lado? Que os orgãos de divulgação, ficam hirtos, parados a meio do canal, mesmo sendo Portugal um país com vocação atlântica? Que se escreve ou fala pior? Ou não será porque os Açores continuam com a condição de "ilhas adjacentes" como no tempo da outra senhora?
Será até que a minha insignificante costela lusitana, surgiu de outro quadrante que não o de Portugal? Ou que a solidão, aquilo que alguém cognominou de insularidade, ou outra mal-querença qualquer surgida ao longo do tempo, agora mais atenuada (?), deu-me acesso ao estranho estatuto de alguém autorizado a pensar?
Quem me empreste uma opinião ou me dê uma dica...Estou a ficar farto...

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