domingo, 16 de setembro de 2012

VÃO PARA O INFERNO

Uns tímidos e ainda escassos raios de sol, vão-se esgueirando para a calva resplandecente e calma do Canal. Ao fundo, vai lentamente surgindo o Pico, enlaçado já por míriadas incandescentes, são nuvens e novelos, quais ninfas e medusas, olhando do seu magnificente pedestal, a pobreza das suas irmãs congêneres, mais pequenas, menos próximas do firmamento. É pouco mais do que madrugada, mas já três ou quatro pesqueiros, grandes e alvos como prata , se vão refastelando a três milhas de distãncia da costa, mar aberto,, aguardando pachorrentemente os redentortes e lucrativos frutos do mar, - a albacora. Vêm de longe, em busca de negócios chorudos. Vêm à descoberta de uma terra do outro mundo: terceiro ou quarto mundo. É a albacora, recolhida apressadamente para vender lá fora, um "lá fora" onde há muita gula e algum dinheiro para gastar. E compram quase ao desbarato. Negócios de terceiro mundo. É a política do exaurir e do oferecer sem retorno. Diria mesmo, que é quase descaramento - Estão ali, à vista de terra e de todos, a dois passaos de quem passa na Avenida, que já foi Diogo de Teive e que recebeu outro e outros nomes consoante as políticas e os políticos do tempo. Enriquecendo-se e empobrecendo-nos.Alguém vê isto? Alguém viu ou permitiu isto? Alguém pode concordar com isto? É legisçlação de CEE? Da UE? De outra entidade qualquer, sem rosto e sem nome? Com a concordância de quem? Do Povo? Aquele que mais ordena? Ou aquele que não ordena, e só dá votos aos outros para ordenarem, muitas vezes inexperientes e menores? Tudo isto com fábricas de pescado enormes, que tiveram grandes produções, com muita gente a trabalhar, agora desativadas, agora com muita gente despedida- Tudo por falta de apoios de quem tem ou deve ter, a obrigação e o dever de as apoiar... E falam em desenvolvimento? Em oportunidades? Em emprego? Em retoma? Vão para o inferno!