sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Uma festa, que deveria ser um velório

Neste malfadado princípio de ano, de século e de milénio, tudo ou quase tudo anda ao desbarato, mas pode ser argumentado, explicado, mesmo acobertando doses enormes de inépcia, insensatez, ignorância, ou até má vontade, política e não só. Os gerentes da "coisa" pública, com tanta sede de poder e de emagrecer as gorduras que econtraram no Estado por eles nado e criado e até engrossado, vão dando "naifadas" por aqui e por ali, a seu bel-prazer, sem qualquer justificação plausível, que não seja a de dar saltos para consumar carambolas, muitas das vezes, inconfessáveis ou não entendíveis para o leigo comum dos mortais. Umas, muito grandes, outras quiçá mais pequenas, mas todas elas deixando um rasto de dúvida, desalento, e até desconfiança. E uma dessas decisões, acertou-nos em cheio. Foi a Rádio ou aquilo que restava da Rádio Naval da Horta, a que me habituei a respeitar durante largos anos, aqueles em que fui profissional das telecomunicações ou seja por cerca de quatro décadas. A Radio Naval da Horta vai a enterrar. O seu funeral oficial está proclamado para a próxima segunda-feira, dia 7 de Janeiro, ao que parece, com festa, foguetório e tudo, isto depois de, (e isto se não me atraiçoa a memória), estar a caminho da centúria, de inestimáveis serviços prestados à causa pública. Para ela, e todo o pessoal que nela trabalhou,colaborou e participou, nessa senda de bem servir, a minha mais sincera homenagem e o meu sincero agradecimento, pela certeza que têm do dever cumprido. Foram eles, que milhares de noites, longe do remanso que os bons acautelam nos seus fôfos leitos nupciais, deram o que sabiam e podiam, entre chiadeiras, ruídos, "fadings" e outras bem-aventuranças que só quem passou por elas, é que sabe. Recordo-me até, que o único local do país em que se conseguia fazer um contacto decente (QSO), com a nossa armada nas costas do Malabar e da India, era a "Nossa" Rádio Naval. Chegou-se a fazer crer, que com o Pico na frente, nada funcionava... A história que mais não seja, irá falar nisso. Mas o pior ainda não foi dito: é que a RNH não foi desactivada; foi transferida. Transferida para outra ilha. E o seu encerramento, é motivo de festa, quando deveria ser um velório... Alguém devia ter vergonha...

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