quarta-feira, 8 de maio de 2013

MESMO SEM CARVALHOS E LIMAS, CONTINUAMOS LONGE

Tinha para aí,  pouco mais de uma dezena e meia de anos, e Lisboa era exactamente o que eu pensava: uma cidade encantadora, onde os automóveis corriam vertiginosamente ao longo das avenidas, traçadas por Pombal. Dos monumentos magestosos; do D. Maria e do S. Carlos; do Parque Mayer e da Feira Popular, onde havia  a jocosa revista à portuguesa e o boxe foleiro, à noitnha; das buzinas e bandeirinhas, as nacionais e as outras, as nacionalizadas p´rás marchinhas e  p´rá bola; Da ginginha, da sardinha assada e da económica,  ali às Portas de Santo Antão. E muitas outras minudências que  deixaram saudades. Ó tempo volta para trás? Não!Não pode! E já lá vão cerca de seis décadas. Seis!
Os Açores, de binóculos assestados nos Carvalhos e nos Limas, estavam à distância de uma semanita de céu e mar. Enjoar, nem se fala. Aquilo é que era vida. Ir por exemplo, sem acomodações...em cima do porão. Ou nos "camarotes", salvo seja, dos boieiros,.. eram uma delícia. Os Açores ficavam por essa altura,  longe. Eram mesmo,  muito longe. Telefones? O que era isso? Havia os telegramas, taxados à palaavra...Era a economia, virando comunicação.
Jornais ou revistas, falando dos Açores? O que se fazia  e o que não se fazia, como era a vida; quem eram e como eram os açorianos? Brancos, pretos,   mestiçoes? Como se ia de ilha para ilha?
Resposta: a pé,  de calça bem arregaçada, com bom tempo, vento de feição e a maré baixa...
Hoje, pese embora  pouca gente acreditar nessa de "maré baixa", e haja muita gente deste lado por lá a viver e a estudar, certo, certinho, é que a curiosidade continua. E o desconhecimento também.
Eram ilhas e arquipélagos autónomos, Açores-Madeira, até houve um jornal utilizando esse nome, mas estavam muito longe. Tinham Distritos e Governadores? Tinham Juntas Gerais?Tinham Autonomia?
Tinham um pouco de tudo isso, sim senhor. Depois veio a democracia. E agora, têm Distritos e Governadores? Juntas Gerais? E Autonomia? Têm um pouco de tudo isso, sim senhor. Não vamos aprofundar esta matéria, porque ia ser, um vê-se-te-avias e um nunca mais acabar.Quanto aos governadores, têm aparecido ultimamente  alguns ou muitos e governados também. Mas quanto à apelidadada região (?), continua distante e longe, e continua a haver um desconhecimento total do seu dia a dia (tal como há seis décadas), do que se faz, do que se pensa, do que se sente, do que se diz, do que se quer, do que se anseia, do que se aspira,  do que se escreve,  da cultura e dos seus,  os que a consagram ou são  patrocinadores, a eles continua a dizer-se: NADA. E Continuamos e até somos todos uns ilustres desconhecidos. Só uns quantos "exilados" ou "emigrados naquele país",que afinal  é o meu e  que  amo, é que, de vez em quando, vão dando um fugaz ar da sua graça, fazendo um livreco, dizendo uma piada ou dando umas pinceladas ou uma pedrada no charco, mas sempre de fora para dentro. As editoras (um negócio ou uma negociata) estão lá sempre à mão. Por cá, mesmo elas não sendo  uma benesse celestial, nem isso temos, e isto, porque é negócio mesmo e o negócio quer calma e numeros..
Conclusão: para que esta narrativa, não se torne entediante vamos pôr ponto final dizendo: Somos e vamos continuar por muitos mais anos, ilustres desconhecidos.
Nem jornais, nem Televisões, nem comunicações social, tudo anda em sentido contrário aos ponteiros do relógio ou nem sequer há relógio ou se o há, perdeu os ponteiros...
Bem haja o  tal  de Relvas, que ainda antes de licenciatura, pôs a estação regional (a nossa) de TV, a rebobinar memórias. E ela,  a memória, é do melhor que   temos, mesmo que seja triste, como a nossa. E já agora,  esta de memória, é apenas  para quem  lê ou conhece história, o que já   se cifra em muito pouco hominídeo, que por aí vai ibernando...


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