quarta-feira, 1 de maio de 2013

REFLEXÃO SOBRE O DIA DO TRABALHADOR

Agostinho da Silva, humanista, filósofo e personalidade que muito admiro e respeito, defendia a tese, que pode bem ser considerada eclética, de que o homem não fora criado para trabalhar. Efectivamente, e com a devida vénia e licença, tomo a liberdade de acrescentar, que nenhum vivente conhecido, foi na verdade criado para trabalhar. E mesmo, sem querer rebater ou contestar tamanha máxima, antes pelo contrário, entendo que, mais do que nunca, o século que ora vivemos-, o XXI-, exorta, sem honrar, essa mesmo idéia. Ou seja, o trabalho, mesmo por vezes seguro e bem remunerado, passa, ao longo da vida, ao largo de muita boa gente. Mesmo no dia que lhe foi consagrado-, o 1º do mês de Maio-, que, sem querer rebobinar a sua penosa, mas aliciante história, é consagrado ao parlatório, político, quase sempre, e "helas!", ao descanso. Nesta angustiosa passagem de século e de testemunho, em que o desemprego é talvez uma, se não a maior, das grandes fatalidades a reescrever na história, pode faltar o emprego ou a remuneração, por culpa do próprio homem ou pela sua ignominiosa ganância, e embora contrariando Agostinho da Silva, entendo que o trabalho continua necessário, e mais-, vicejando por todo o lado. A teoria do velho amigo, que recordo com saudade, e que por lá já anda, que me dizia com alguma graça, quando lhe asseverava: "Diacho! Hoje trabalhei como um negro..." ao que ele a sorrir, sempre perguntava: com que enxada?

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