quarta-feira, 7 de agosto de 2013

AS FESTAS, TAL COMO AS COMENDAS, NÃO SÃO TUDO.

Amigo de saudosos, velhos e incrustados tempos, que respeito e admiro, disse-me certo dia, referindo-de a tempos idos, e à guisa de provocação: "você se não perdesse tanto TEMPO em jornais a defender o "maralhau", "a escumalha" "a corja", tinha feito seguramente muito mais..." Tudo isto, é necessário acrescentar, se passava numa altura, em que o "maralhau" era muito e ninguém ousava defendê-lo, sobretudo em jornais (com medo), e em que os laudatórios eram bem mais fáceis e a gosto da época. Mas, e curiosamente, o 25 de Abril, na sua faceta negativa, deu para esquecer, até aqueles que o fizeram. Para além de se perder a memória, e um povo que a perde, perde-se de seguida, perderam-se referências, e pior do que isso: criaram-se mitos, sobretudo políticos, alimentados sobretudo, pelas claques partidárias. Daí vivermos em graça, sem graça e na desgraça. Por mim sinto-me à vontade. Vou continuar a defender o tal "maralhau" se ele quiser e desejar colaborar ou fazer alguma coisa por isso e pela vida. Vou defender a terra que me acolheu,embora nem todos o mereçam, se houver compreensão da parte deles e dela, ou dos que nela habitam, o que está dificil de acontecer e fazer com que ela-, a terra-, (as pessoas), goste mais de si e dos seus, o que também não está a acontecer e torná-la mais habitável. E torná-la mais habitável, é torná-la mais atraente. E torná-la atraente, é criar-lhe condições de fixação, sobretudo aos mais novos, que são obrigados a sair (emigrar). E torná-la atraente e habitável, não é pensar apenas em ter uma "Semana do Mar" mais lindinha, com conjuntos mais famosos e cachets mais gulosos, mais música pimba, com mais acepipes, mas tornar, por exemplo, o Hospital da Horta mais profícuo e eficiente, com mais valências, (onde se concebe, por exemplo, não haver neurologia, especialidade em que os doentes têm ou devem ter um acompanhamento contínuo?). Fazer também da Horta um polo cultural" açoriano ( porque não nacional), que se orgulhe de si próprio, e do que aqui se faz nessa área e que não é pouco, só não saberá quem não tem essa obrigação, (a de ler o que fala da sua própria terra e o que nela se faz, que nem é pouco), estou a recordar-me daquilo a que chamam festa do livro, na Semana do Mar, nem sequer, e isto em termos de representação literária criativa, tem um exemplar digno dessa nome. Bem me dizia o Fernando Melo, saudoso amigo de mais de cinquenta anos de convivio e homem da escrita, que já lá anda à nossa espera, que por diversas vezes me telefonou, dizendo que deveriamos (nós os autóctones e homens da escrita) exigir a primazia nessa tal feira que virou Festa. E há mais, muito mais. Mas a Horta está há muito adormecida, sem vontade de crescer e sem dar pela beleza que a rodeia. Eis que alguém, ao fim destes anos todos, em que eu andei a dizer e escrever sobre isso, a descobrtiu. Hellas! Mas só beleza, é pouco, tal como, "nem só de pão vive o homem". Faz-me lembrar uma anedota (veridica) que comigo se passou. Em certo Centro de Instrução Militar, estava eu á Porta de Armas (entrada), de serviço (guarda). Às tantas da noite, apresentou-s-me alguém aparentando alguma idade, trajando algo humilde e de escuro, chapéu e sobretudo. Queria entrar. Barrei-lhe logo a porta, tal como rezava o regulamento e fi-lo em posião de sentido de que também rezava a ordem. Disse-me o homem; " É pouco..." Dei-lhe a seguinte alternativa: o "ombro armas", esta msmo só para oficiais, na expectativa de ele o fosse. O homem continuou, descobriu-se; tirou o chapéu e disse em voz sumida,...(É pouco). E ainda antes que o pudcesse deter ou pôr-lhe os olhos ou mão em cima, já ele se ia porta dentro. Queria mais... Mas, afinal, merecia-o, tinha direito ao "apresentar de armas" porque, mau grado meu, era o comandante da Região Militar. É por isso mesmo, que repito: o que se está a fazer pelo Faial e pela Horta em particular, é pouco. E isto dirige-se a todos os que dele ou dela gostem...e de uma ou de outra forma, têm esse poder... puxem por ele ou pelas suas orelhas...que se calhar, são grandes...

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