segunda-feira, 23 de novembro de 2015

SALPICOS EM MARÉ CHEIA

 Salpicos que nos levam a  fugir ao remanso da lágea  tépida por onde  nos  instalámos,  olhando o mar, que cioso da   missão que lhe foi confiada,  vai lambendo as   "margens"  salinas  da  memória,  num olhar nostálgico   de saudade, ao que   éramos,  ao que fomos, ao que somos ou ao que queremos realmente  ser,   por vezes tempos nostálgicos,  em que   a vida era claramente outra, mas  era a vida que  tínhamos e a  que existia no tempo.
É que  a vida afinal é mesmo assim,   toda ela feita e arquitetada para ser vivida,  recriada e recordada,    porque  recordar    é, e será sempre, viver para reviver:


 Princípio da década de 60 do século passado

A Horta, mal  acordara  de um  truculanto e longo  sonho de Inverno, vindo  de uma enorme e demorada crise sísmica, que se iniciara pouco mais de dois anos antes, mais concretamente no ano de 1957 e que deixara marcas no sarro da amargura, com  que as catástrrofes costumam inadvertidamente   brindar os seus  "locatários".
O   "Terra Alta",  um "barquelho" semi-cabinado, parcela   heróica  de infindáveis e imemoráveis  sagas marítimas, que conjuntamente com o "Ribeirense" e o "Santo Amaro", constituiam os chamados "Barcos do Pico", não se cansava de "acarrear", gente que perdera  tudo ou quase, menos talvez o sonho e a esperança,- os sinistrados- , a caminho das terras do sonho e da utopia, -  do Tio Sam, das Américas, da  terra ´"das dolares".
Tempo que deu para   tudo, porque a felicidade parecia mais  forte do que a lágrima: Iam para  terras, em que até os sacos de roupa,  cheiravam...
Abençoada fé. Abençoada gente.
Foi a primeira imagem com  que me brindou o Faial.
Eles foram e foram muito bem, embora com a alma esfrangalhada e a saudade no dorso.
Os que ficaram, foram-se "ajustando". E o ajustar, significava, não haver carpinteiros, pedreiros,
artifices de toda a ordem..
Terra mártir o Faial. Fábrica de emigrantes, de gente "escorraçada" por aquilo que ama e sempre amou.
Agora assiste-se a uma espécie de centralização, em uma ou duas ilhas, uma política inexplicável e inexplicada.
Vale a pena tentar perceber esta experiência autonómica.
Se vale ou valeu a pena.
A verdade, é que a vida continua. O resto ficará para a história...






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