segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Não se justifica, não senhor

"Não se justifica..."
Esta a fatídica e pequena frase, com três palavras apenas,  que sempre muito me impressionou e  continua impressionando, negativamente, claro.
Era mesmo, o "chavão" marcante do anterior regime que alcunhavam de fascista.
Se se pedia qualquer coisa, do mais insignificante, ao mais  útil e necessário, vinha logo a "sentença", maioria das vezes sem sequer ser avaliada,  repensada ou estudada, fosse a ampliação de uma pista para aeronaves, um porto, uma estrada, ou um simples e por vezes mísero e irrisório aumento de verba para expediente, (selos ou qualquer outra ninharia), que "eles" entendiam "que não se justificava".
Hoje, com outro regime,  com outra gente, que dizem ser democrático e democrática, as "coisas" funcionam mais ou menos, da mesma forma. E o "não se justifica", serve para   quase tudo até para os desígnios das políticas vigentes,  desde que quem o solicite,  seja pequeno, falho de poder, ofereça poucos votos e  logo, menos poder reivindicativo.
Serve isto para mascarar intenções,  ao sector público e, (pasme-se) também ao privado.
O "não se justifica" serve para fugir às responsabilidades, ilude os princípios mais  básicos da Democracia , ofende as consciências e fez duvidar e crer no bom senso de quem, à sombra do poder, nos vai governando.
Fala-se por exemplo, numa valência para um Hospital, como  no caso o  da Horta, "não se justifica",  determinada valência (especialidade), mesmo que diariamente haja gente a sofrer e  necessidade de acompanhamento permanente, neurologia por exemplo. Alguém  disse, talvez o oráculo de Delfos, "que não se justificava", quando toda a gente com bom senso, vê exactamente  o contrário. Depois há as birras, as oposições e as opiniões, o gasta-se e o não se gasta," o chega-te para lá que eu faria muito melhor se estivesse no teu lugar.
Todo esse "arrazoado" é feito   à sombra do nosso dinheiro, porque afinal e melhor pensando,  é do "nosso" que estamos falando e não do deles...
Então manda-se um médico de páraquedas, que põe um pé na ilha, o outro, na sua terra, (dele) ou no estribo do avião, e está tudo resolvido. Ninguém se preocupa com o resto.
E então e  Porquê? Porque não se justifica! Tem pouca gente (população), como se estas "coisas" fossem resolvidas apenas com quantidade, e com números.
E esse "chavão" eminentemente  salazarista, acompanha o percurso democrático e a vida das pessoas,  quando vivem numa terra  pequena, que é logo desprezada à nascença ( e a Horta está  nessa triste condição, com ou sem autonomia,  com e sem democracia), esta última ainda não a enxergamos...) Alguém a tem visto ultimamente?
No sector privado é ainda muito pior. Cobra-se o dinheirinho adiantado, e em tratando-se de terra pequena como a nossa, não se faz nada, nem se ouve  ninguém. Tenho uma "coisa" dessas, que dá pelo nome de Médis ou Médicis, que diz  fornecer ´médico e enfermeiro ao domicílio, com sobretaxa e tudo do nosso bolso, e nem sequer tem um médico de clínica geral para passar uma  receita. Tudo isso anda impune e às claras, como se no reino da Andaluzia o céu fosse a Terra.
É nisto que apostou o governo "exemplar" liderado por Sexa  Passos Coelho e  Portas: privatizar tudo e em força, foi o lema.
E o resto é o que se está vendo.
Conclusão: o pequeno que morra, porque não faz falta. E pior: dá despesa ao Estado...
E que as terras pequenas não recebem solidariedade, mas contribuem para ela...E de que maneira...



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