quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

NÓS SOMOS OS OUTROS

Todos sabemos, com maior ou menor clarividência, que a justiça não existe, e não existe porque, enquanto que  para uns, justiça pode ser baseada em premissas de "dureza", para outros pode ser exatamente o contrário. Pode eventualmente conseguir-se uma aproximação aliando consciência e bom senso, algo muito difícil de se obter nos dias "áureos" que vamos trilhando.
Assim justiça, é algo muito complexo de definir e ao sabor de cada um, e sobretudo, isto sim, de executar, para quem lhe é sugerida ou  tem essa missão. E não é apenas foleando cartapaços ou velhos papéis bolorentos, que podendo embora, alertar para as nossas consciências, vamos com ligeireza lá chegar.
A justiça, anos passados, estava circunscrita, à sabedoria, e essa, à idade.
Os conceitos inverteram-se, e a idade passou a ser senilidade, mesmo com o recurso às magias que a técnica nos vai oferendando.
E eu fico a olhar para isto, por exemplo:


não há insubstituíveis, nem homens que não consigam fazer tarefas que outros fazem. Haverá porventura (e irá sempre haver) homens mais capazes, melhor apetrechados, mais vocacionados, e eventualmente, homens diferentes, para melhor e para pior, em termos de eficácia, de capacidade, de discernimento, de valia para a humanidade.
O que me continua impressionando, é que, e ao contrário do que o Camões dizia; "os homens que da lei da morte se vão libertando", nem se libertam da morte e na maior parte das vezes nem da vida, são  medíocres, só que
aproveitam bem as oportunidades, vivem por vezes regalados, com  bons salários, bons empregos, conseguidos com pouco esforço, à sombra da política, das amizades, do compadrio.
Mesmo que essa gente cumpra (e bem o seu dever, o que é raro), tal qual um bom funcionário, artesão, obreiro do quotidiano, porque razão está sempre na "calha", para receber umas comendas, umas medalhas, o nome de umas ruas e ruelas, para lhes perpetuar a memória?
Isto quer dizer, que mesmo admitindo o cumprimento normal (o obrigatório, e o mínimo que se pode esperar) é sempre considerado para uns, uma graça dos deuses.?
O Fernando Pessoa é que dizia com alguma graça: "O mundo é dos que mandam. Nós (ele incluído), somos os outros. E eu acrescento: os que obedecem.

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