(...)"Ela que o tratasse bem, como se fosse ele próprio" - dissera Quevedo de lágrimas nos olhos. - "Ele salvara-lhe a vida, mais do que uma vez..."
"Que ficasse descansado. O cão "São Telmo" era a pessoa de família que ela já não tinha e a companhia de que precisava.
Não! Não queria dinheiro! Porque ele ia necessitar dele."
O pior foi ter de amarrar o "São Telmo".
Quevedo vacilara. As mãos tremiam-lhe.
"Não. Não podia levá-lo".
Salvara-lhe D. Dolores.
O animal entendera e gania num pranto doloroso, tentando alcançá-lo com as enormes patas dianteiras, uma das quais o próprio Quevedo tratara com todo o carinho.
E Quevedo saíra porta fora, estarrecido e esfrangalhado, mas mesmo assim ainda conseguira murmurar:
"Hei-de voltar..."
E durante algum tempo foi dolorosamente ouvindo o "soluçar" do bicho, que se transformara num esmaecido ladrar, num gemido repassado de melancolia, até que a distância foi paulatinamente engolindo.
"Aquela mulher e aquele cão haviam representado muito para ele: ela, a mãe que perdera e voltava de novo a perder. O cão, algo que não possuíra na infância, talvez o amor de um pai que nunca aceitara ou quisera reconhecer..."