sexta-feira, 29 de novembro de 2013

MAIS HORAS DE TRABALHO, SALÁRIOS MAIS BAIXOS, MAIS FOME E MAIS MILIONÁRIOS

A grande, maior, e porventura mais <i>bizarra particularidade desta crise portuguesa ou à portuguesa, é o facto, provado e consumado, de que os milionários, crescem neste país a um ritmo acelerado e supertior ao dos outros países europeus. À medida que a pobreza, e nalguns casos, a fome se vai instalando, em que a classe média deixa de a ser e aumenta a pobreza, eis que há cidadãos que ascendem ao título de milionários, crescendo a um ritmo que impressiona, o que dá que pensar. As conclusões podem não ser entendíveis, mas não são muito difíceis de detectar. Há claramente um aproveitamento do provável excesso da oferta de trabalho e a fuga aos impostos, continua uma fortma inalienável de mentalidade. Resultado: Mais horas de trabalho, salários mais baixos, mais fome e mais milionários.

domingo, 24 de novembro de 2013

VALERÁ A PENA?

A incredulidade instalou-se (para ficar) no seio da nossa sociedade. Uma sociedade cada vez mais castrada, medíocrizada, que perdeu a memória, o poder crítico, o sentido de avaliação, a necessidade de leitura e análise, a reflexão, o respeito, a gratidão, o rumo, o sentido de missão, a justificação para a Vida. E avançamos sem saber bem porquê e para quê? Não sei se valerá a pena, perder(?) anos de vida, (como eu), para deixar aos vindouros, algumas reflexões, sobre o presente, o passado e alguns desafios ao futuro, para que alguém as leia e analise. A mediocridade instalou-se no pensamento humano e logo na escrita. A ela, juntou-se o gaudio e o foguetório. É um tal publicar livros, que nada dizem, nem de novo, nem de velho, a nada, nem a ninguém, sem sequer têm qualquer utilidade, que não seja a de agradar a mordomias, mas que vendem bem. São bem carpinteirados, bem encadernados, gozam de suportes oficiais (dinheiros nossos), de editoras, são profusamente distribuidos, divulgados, são "engolidos" pela diáspora, com paragonas e laudatórios. Fico perplexo: À degradção intelecual a que chegamos... Falta de autores e rabiscadores? Não! É o que mais abunda por aí. E é a comunicação social a dar um empurrãozinho: é a sua missão, diz-se. Por mim, não sei como ainda existem alguns abencerragens, dinossauros invisíveis, uma meia dúzia talvez, neste país e nestes Açores, que dizem ser região, mas que afinal é uma manta de retalhos, a escrever coisas sérias, como um bom romance, por exemplo. Mas não me admiro. Antes pelo contrário. A política e o apoio à cultura por quem tem esse dever e essa obrigação, é uma vergonha. O livro tornou-se num negócio. As editoras e os livreiros, em matéria de livros, salvo rarissimas excepções, são ignorantes, olham o livro, como batatas e cebolas, vendidos a pêso nos super-mercados. Estou à vontade, porque também as cultivo de boa cepa e para o ano inteiro, com a mesma mão que escrevo livros e Deus me deu. Resta-me, para encurtar tempos e espaços, perguntar: quem os lê? Quem os entende, os livros? Este é um país, culturalmente falido. E pior: Os Açores, mais ainda. Nem sequer se dão ao disfruto, não digo de orgulhar-se, que isto é pedir muito, mas ler pelo menos, o que os seus (muito poucos) escrevem. Abençoado Povo, abençoada Pátria, abençoada Região, retalhada por nove pedregulhos, que tais filhos teve e tem, gente sobretudo que anda despuduradamente à frente dos seus destinos...

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

O BEM E O MAL

O que mais me impressiona nesta correria fugaz e incontornável contra o Tempo, é a ligeireza, com que o homem encara a sua própria existência, (a sua vida, e a dos seus companheiros espaciais), criaturas menores, em sua opinião, demonstrando claramente, que, mesmo com essa suposta supremacia, e a irracionalidade que durante largos anos lhes atribuiu, não é assim tão evidente. E não é assim tão evidente, porque o seu comportamento, vem demonstrar que há fragilidades nesse domínio. Para além do fanatismo gerado pelas ideologias, pela instituições, não escapando as desportivas, pelas religiões, pelas grupos de pressão, pelos estigmas que as sociedades vão criando e impondo, o homem continua sem distinguir o BEM do MAL. Serve-se do seu conceitualismo quando lhe convém, ou melhor, quando melhor lhe serve. Consequentemente BEM e MAL, vivem em osmose. O que é BOM para uns, é MAU para outros, como se não haja um padrão comum de valores e a verdade nem sequer tenha que ser questionada. Isto para além de nos fazer reflectir, leva-nos por ínvios caminhos do desencanto para com a vida pensante e logo surge a inevitável pergunta: O que é o BEM? E o que é o MAL? E já agora: Por anda a VERDADE. Para que serve a MENTIRA? Não serão faces do mesmo poliedro, vistas de formas diferentes, por esse ser infinitamente bom, sapiente, capaz de feitos imensos, extraordinários, incomensuráveis, e assombrosos, que se chama homo sapiens?

terça-feira, 19 de novembro de 2013

VÃO-SE OS AMIGOS FICAM AS RECORDAÇÕES

Uma imensa solidão impregnada de tristeza, é o que vamos sentindo à maneira que os anos vão passando. Nesta pequena terra onde todos se conheciam e talvez se conheçam, em que se desejava o "bom dia" logo pela manhã, ou a "boa noite" quando o dia se ia minguando, eram o rosto desta comunidade. Gente que não enjeitou dificuldades, trabalhando arduamente para sobreviver, para criar filhos, dar-lhes ferramentas e a força para singrarem na vida. Estes a quem chamávamos de amigos, e que vão lentamente desaparecendo, e despudoradamente desistindo de viver. Por vezes, nem damos conta desse desaparecimento, tal a subtil rapidez do desenlace. Desistem silenciosamente, sem manifestar um queixume, uma lamúria, um "ai", deixam-nos apenas, seguindo a rotina imposta pela lei da vida. E deixam saudades. E deixam um vazio. E nesse vazio, uma patética reflexão, se valerá mesmo a pena - viver. Nestes últimos tempos, vários foram os que nos deixaram, num destroçar impiedoso, que também nos deixa destroçados. Estou e recorder-me do Fernando Melo, um homem que dedicou parte da sua vida à escrita, do Antero Gonçalves, homem do desporto a tempo-iteiro; do Jaime Baptista, lutador, incansável e polémico nos jornais, do Carlos Goulart, activo e empreendedor, do Jorge Roches, do Jorge Menezes, cabografistas das Companhias, de velhos e incrustados tempos, homens de finura, a recordar, tal como tantos outros, faialenses de outros eras, com propensão para uma certa gentlemenice. Faltarão muitos, é certo, que porventura a memória deixou passar em claro, mas todos a merecer uma merecida atenção e uma singular saudade pelo que foram, pelo que deram de si a esta gentil, e pequena terra. Um terno abraço para eles, os que recentemente partiram e para os outros, os que por cá, quando em vida, partilharam connosco esta faina incontrolável e incontornável, que é a vida, que embora passageira, efémera e quase patética, vale sempre a pena ser vivida...E recordada.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

CONSTITUIÇÃO V/S ECONOMIA

Instalou-se a confusão. E já há quem dela se aproveite. Portugal, um país que chegou tarde à História, vive momentos de incerteza, e mais do que incerteza, momentos de desalento. Ninguém já não acredita em ninguém. É o vale tudo e o salve-se quem puder. Quando a ideologia ultrapassa a própria legalidade democrática ou seja, quando alguém faz da Constituição de um país soberano (ou que o dizem ser), uma mera papeleta de intenções capaz de se alterar a qualquer nuance ocasional, é o desmembar do próprio Estado de Direito e o fim da Democracia. Não me peçam mais uma vez para ser patriota, mas peçam-me para amar cada vez mais o meu país e quem nele vive. E para que o façam, arranjem gente capaz de o governar, de manter as suas instituições a funcionar, e de garantir o futuro das suas gentes, e mais: deixem de destruir, em nome de uma ideologia que surge de um individualismo gritante e selvagem, que se serve do Estado, quando convém, sem minimamente o respeitar. Quando se fala da Constituição, fala-se de algo sagrado, que serve para salvaguardar a vida e o futuro, não de um bloqueio com intenções previsíveis. Violá-la é crime, tal como não a fazer cumprir, isto num país onde até os sacrificios que se pedem, são desiguais. A função pública e como complemente, os pensionistas, que é a própria espinha dorsal do Estado, é a receptora de todos esses malifícios e de todas essas desigualdades , que a política e os seus agentes e derivados encontrou, para os seus erros e os seus insucessos. O impensável, está a acontecer. A confusão instalou-se. Pensa-se economia e logo depois Constituição. Não levará muito tempo, que o Estado seja uma imensa empresa. Assim desejam alguns, que se anteciparam, e já andam pelos Ministérios a (des)aprender na cartilha.

domingo, 3 de novembro de 2013

NADA JÁ ME SURPREENDE

Este governo cada vez mais, me surpreende, pela negativa. Ontem foram as palavras do Ministro da Economia, ao afirmar ser um parceiro previligiado da iniciativa privada. Só faltou dizer mesmo, ser amigo das parcerias públco-privadas.Pudera. Ele é um empresário. Hoje é o Vice a enaltecer os negócios com a China. Melhor pensando, os negócios com a China, têm sido a nossa maior desgraça. Não são, nem nunca foram, negócios da China como antigamente se dizia, para rotular negócios do outro mundo. A acefalia europeia, e o seu idilico sonho de criar uma comunidade aberta, igualitária, democrática, onde todos pudessem ser felizes, não passou de papel. E o pior é que alguém acreditou. E alguém acreditou, que um país de muitos pobretanas e alguns vigaristas como Portugal, onde mentir e enganar a cada momento é pão nosso de cada dia,pudesse alinhar por esse diapasão.Pura ingenuidade ou talvez não. Porque o que vejo, não é ingenuidade. O tipo de sociedade que os nossos políticos estão a dar a conhecer, indica exatamente o ocontrário. Só se fala de negócios e negociatas, empresas e empresários. O papel do Estado está a diluir-se cada vez mais. O Estado não é garantia de estabilidade, garantia das instituições, garantia do próprio futuro. O Estado é, isto sim, garantia das asneiras, dos erros, da falta de competência, da má gestão e serve como suporte de tudo e mais alguma coisa, até como empregador para amigos e correligionários. É caso para dizer: nada já me surpreende.Nem a bancarreota