quinta-feira, 31 de março de 2011

Crise? Palhaçada? Ou talvez não...

Hoje já nada me espanta. E não me espanta, porque as pessoas (algumas pelo menos), encarnaram  pequenos monstros e insaciáveis vamprios. É ver essas agências de rating. É vê-las avaliando com o maior despudor e à vontade (digo zêlo), os países mais coxos ou mais pobretanas, apelidando-os de lixo (quer  sejam instituições,  e não só, com um historial credível), no panorama abstruso incompreensivel, daquilo que se convencionou chamar  economia mundial.
Uma agiotagem tão asquerosa  que mete nojo. Só que essa agiotagem está a condenar  à fome milhões de seres, familias inteiras, crianças e velhos, gente que desejava,  queria e tinha o direito de viver  melhor.
Quem anda por de trás de todo esse imbróglio? Onde está a cabeça desse  polvo ignaro e invisível?
Com que intenções ele vai sugando? Quem tem força para o estripar?
Em Portugal a sensação de riqueza que se gerou com a aurora de Abril, foi  perversa, quase falsa, tal como várias outras  utopias. Grandes proventos para uns, nada ou quase,  para outros, a gosto de governantes de ocasião. Arrotar postas de pescada, tornou-se  tarefa fácil  para o Zé . Que passou a mudar de pó-pó mais vezes, por vezes ano-sim, ano-não. A ter mais doutores nas suas fileiras, embora alguns  continuem sem saber   qual a capital do reino da Dinamarca. Aí também houve ingenuidade e até alguns culpados. Salvou-se o melhor: a LIBERDADE, por vezes até esta foi  confundida e posta em causa, por quem mais a desejava: o Povo, um palavrão que no meu saudoso tempo apenas servia o judaico-cristianismo que o utilizava só e com parcimónia em fins de semana ou em cerimónias menos frequentes ou mais pias.
Mas a CEE ou a UE não agradou a alguns   troianos, àqueles porventura que tinham os olhos   virados para dentro ou para o seu  próprio  umbigo. E aí está a aligeirada resposta: a  crise.Uma crise que é, ou talvez não, também uma  palhaçada. Não de rir; mas de chorar...
Olhem a missiva da Irlanda, um aviso ao carreirismo  político caseiro que abunda. Que a revejam e que a meditem com cuidado. Mesmo aqueles que nunca aprenderam  a malfadada tabuada, porque tinham à mão as minusculas máquinas de calcular e o  dinheiro para as comprar...coisa que a gente não tinha, nem sonhava nem sequer com  sombras, no nosso malfadado tempo.
E fala-se de gerações rascas, e de gerações à rasca ...
Olhem para a minha! Liceu? Isto era   na altura, coisa rara e para  fidalguia...
Agora? Agora  até os vão lá buscar a casa (os meninos)...e de graça...E até lhes oferecem ensino privado e bolinhos quentes  à mistura, que o digam alguns doss sensíveis papás...
Telefones e pó-pós? Viam-se mas  muito poucos, só para os senhores, não vou dizer drs., porque esses  eram também raros e bem poucos, e  escassos em muita e muita outra coisa...
Empregos? Cunhas? Fome?
De tudo isto havia para dar e vender,  ou então só para alguns... Era  tudo, pelo menos, um milhão de vezes pior do que agora por aí acontece. Refiro-me material e socialmente...Só que havia um coisa importante que desapareceu da lusolandia e um pouco por todo o mundo: a palavra. E a palavra  significava simplesmente honradez...Mas deixem-me lá sonhar, que é  bom... Isto vai mudar, sim  senhor! Para melhor... Para melhor...
E não se esqueçam de extirpar a tal cabeça ou as tais cabeças do polvo...Que se calhar são muitas...
Uma palhaçada...Mas muito e muito  triste, meus amigos...
E não ponham a culpa ao pobre do  Sócrates que já teve os seus dividendos e os  nomes mais sonantes de todos os quadrantes, (politicos e não só), e que se aguentou firme   como uma  rocha ou a outro malfadado politico mais novato,  fresquinho, e cagãozinho,  de última hora. Porque esse terá de fazer o mesmo que o malfadado dito cujo  ou bem pior: ir buscar o dinheiro para pagar as dívidas, que já somam  milhões e não vêm de agora: vêm de longe; de há muitos e longos anos. Rebusquem no miolo dessas memórias emperradas e vejam, a começar pelos  quadros especiais da  função pública, uma reestruturação em proveito próprio ou apenas para alguns  felizardos da agora tão perseguida e proclamada  função pública...!
Como julgam que viveram nestes  últimos anitos todos, meus heróicos   convencidos?
Preparem-se para o sacrificio QUE ELE JÁ AÍ VEM, isto é se querem que isto continue! E talvez melhore...
Ou então? Ai dinheiro! Ai vida! Ai pensões!
Ai! Ai! Ai...Nem o FMI nos vai poder salvar...
E não queiram voltar para trás, tal como nos rezava a tal cantiguinha  do Mourão, "Ó tempo volta para trás..."...Porque eu  não quero, nem recomendo...Nem sequer ao meu maior inimigo... de estimação...

Nota: Sei que recentemente    andam por aí a tentar por as mãos nesses  manfios, os  amiguinhos dos  ratings, e  tentam desesperadamente considerá-los no mínimo como  delinquentes.  Há muito que digo isto...Então que diabo de democracia é esta em que vivemos?
A roda para poder ir ao eixo precisa de mão firme, mas justa e já agora, porque não, democrática?...Se não, nem vale a pena viver nesta bagunça... E mais: sei  também que o tal  FMI está já cá a arregaçar a manga, não para fazer cócegas, mas para começar a molhada, e   sei também   que aqueles que não aprovaram as   medidas de contenção do famigerado PEC4, vão ter de engolir o sapo... vivinho da Silva...Só que maior...muito maior...
AHHHHHHHHHHHH...Só quero é rir....Porque,  tal como tu , vou ter de chorar...
Se calhar o "Ai! Ai!  Ai", já nem vai ser suficiente...
E até acho que  o que lá está no banquinho à ordem,  que é pouco, e  suadinho, pode ir à vida...engordar a súcia mentecapta que nunca nada fez... senão barulho e a sua aritmética de números invisíveis... de magia...para consumo próprio e exclusivo...

terça-feira, 8 de março de 2011

SÉI QUEM ÉS

Não te conheço
Mas sei quem és.
Olho nos teus olhos,
Vejo nos teus pés,
Gastos, doridos,
Tanto sofridos,
Cansados de andar,
Por longe, por perto,
No mar do deserto,
Na pedra queimada,
Da terra enjeitada,
Contigo a chorar
Lágrimas de basalto.

Arrancas o pão
De redes ao alto,
Enchada na mão,
Quase em sobressalto,
Beijando o suor,
Com ósculos de dor

O Tempo passa,
E ficas à espera,
Que um dia qualquer,
Te tragam amor,
Te dêem a Graça.

Não te conheço,
Mas sei quem és,
Por isso peço licença
Para  secar-te os olhos,
E beijar-te os pés.


H. Moura   26.2.1995

domingo, 6 de março de 2011

Quando contemplo o mundo, sinto vontade de rir... E de chorar...

Quando   contemplo o mundo e olho a vida, sinto vontade de rir... E de  chorar...
Refiro-me  concretamente ao mundo dos homens,  em que a reflexão é coisa  invisível,        exótica, rara e desconhecida.  E em que essa reflexão aponta   para um misto de sádico e de  maquiavélico, um egoísmo e uma   hipocrisia, que se  generalizou e tornou hábito. 
Dinheiro a quanto obrigas?!
É isso? Vive-se numa sociedade hipópcrita a tempo inteiro recheada de prostituição e de masturbação intelectual. Mas nem pensem  que  estou a referir-me  a tabus inquietantes de  "abuso"  ou de preversão sexual ou a outros  comportamentos impostas pelos padrões morais de vida  nas sociedades  modernas...
Pelo contrário. Refiro-me a  fórmulas igualmente requintadas, mas de viver na dependência da infelicidade e da dor... Refiro-me concretamente à dor  da "Vida", porque a dor de hoje atinge    a vida toda : a humana e  a outra... a que a envolve.
Ajuda a melhorar isto...Com as armas que te deram ou talvez te emprestaram...