QUANDO AS LETRAS SÃO IMAGENS
quarta-feira, 9 de maio de 2012
domingo, 6 de maio de 2012
Uma Oferenda à cidade da Horta
Duas ou três questões retirei humildemente da análise, aliás profunda, de Victor Rui Dores, sobre o meu último livro, "Sinais de Infinito", lançado na Biblioteca Pública João José da Graça na Horta, em 14 de Outubro último.
Devo dizer, que considero Victor Dores, se não o melhor, pelo menos um dos melhores ensaístas contemporâneos de língua portuguesa. E não só. Também escritor de fôlego, poeta, homem de teatro, música, rádio, TV, e outras actividades culturais, que o tornam, se bem com muito ainda para dar, um "expert" nessas temáticas.
Dizia ele que o autor de "Sinais de Infinito", não "mimicava" quem quer que fosse, isto para dizer que não decalcava, nem plageava nada, nem ninguém.
E é verdade.
Depois de ler muitos milhares de livros, de uma existência relativamente longa, de mais de cinquenta anos de escrita, o autor continua aguentando o rumo da escrita, sem endeusar referências ou sem recriá-las a partir de outros e a fazer uma escrita e um pensamento muito seu, que pode ou não ser susceptível de reprovação ou crírica, mas que é nitidamente o seu e que assume com firmeza e gosto. Nomes grados da literatura portuguesa, (e açoriana), não o fizeram, uns foram em autores franceses, outros, nos nuestros hermanos.
A segunda questão, prende-se obviamente com a temática do próprio livro.
"(...)Este livro é um monumento para quem o souber ler..." diz a certa altura o ensaísta.
Souber ler?
É apenas uma opinião que pode até valer o que vale. Mas recordo. Este livro tem informação e trabalho de cerca de sete anos e todos os dias (todos), o autor andou à sua volta, lapidando, acrescentando, retirando, e limando ou exaltando o que o merecia. Pode até ser um livro incómodo, crítico, irónico, vanguardista, inquietante, diferente e isto porque obriga a pensar, e embora socorrendo-se de uma linguagem ligeira e escorreita, é altamente enganoso. Isto porque aborda temática, que sem fugir à memória, à história, e à realidade ficcionada, é profunda, e que a idade, o tempo, a mistica, o mito e sobretudo a vida contemporânea, não dispensam, não devem ou não podem dispensar.
É um livro sobre os Açores, (Faial e Horta em particular), sobre o Mundo, sobre o Universo, sobre a Vida, sobre a Morte, sobre as grandes paixões do homo sapiens, das suas incongruências, da sua finalidade, do que vale ou valerá a pena, enquanto se vegeta por este lugar que apelidaram de mundo, umas vezes mágico e maravilhoso, outras, controverso e maquiavélico.
Alguém de reconhecida cultura no meio local, terá mesmo vaticinado e cito "que poucos o entenderão".
Se calhar foi ir longe demais pronunciar esta afirmação, ou escrever este livro, que o autor considera "como o livro que alguma vez gostaria de ter lido, se não o </b>tivesse escrito" mas uma leitura não será suficiente, para (talvez) entender o que o que ele quiz transmitir, o que não sabe se terá conseguido.
Mas "Sinais de Infinito" é sobretudo uma oferenda (oferta) especial, à cidade da Horta, ao Faial, aos Açores, a Portugal e ao Mundo, neste mundo conturbado, onde a condição humana se debate em cada dia , com o futuro do seu o espaço, em que destrói o seu sonho, a sua finalidade, e o próprio futuro e o devir da Vida e do Universo.
Humberto Victor Moura
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