Referimos-nos ao Faial, (e à Horta, em particular), algo que vem, de há uns anos a esta parte, denunciando uma fragilidade e uma pequenez, no seio do espaço açoriano, que confrange, doe e até magoa. ´
É o assumir de algo, para que nunca foi minimamente vocacionado, quer devido às suas gentes, quer devido às condições naturais que o bafejaram. Era mesmo, segundo o poeta florentino, Pedro da Silveira, séculos XVIII e XIX e princípios do XX, "...a maior, mais desenvolvida pequena cidade do mundo".
De uma "florescente", porque não dizer, "auspiciosa e prometedora" Autonomia, quiçá nascida pela mão de Aristides Moreira da Motta, de Montalverne de Sequeira e de outros ilustres cidadãos ali da ilha de São Miguel, tornou-se numa autonomia "caprichosa , " quiça capciosa", produto do "uma no cravo, outra na ferradura" como convém, numa região eivada de bairrismos bacocos , antigos e serôdios, bem longe daquilo que se esperava para algumas destas desafortunadas ilhas.
Afinal e melhor pensando, o Faial é, neste momento, uma dessas ilhas. Mártir por natureza, Os sismos e os terramotos, nunca a deixaram em sossego, desde que em quinhentos a reencontraram ou re-acharam, colhendo o nome assaz bizarro, de ilha da Ventura (leia-se Felicidade), final o que poderia ter sido e nunca foi, que o diga o primeiro donatário, um tal Josse Hurtere, flamengo ilustre, que por aqui apareceu com outros fidalgotes desempregados e sem "pés de meia", numa altura em que Flandres e toda a Europa, andava em ebulição, tal como o que agora vem acontecendo com os povos do Médio Oriente, uma espécie de historia "a repetir-se" de forma diferente e também trágica.
Mas falar do Faial, é falar de uma ilha se calhar até pequena, mas e apenas, em dimensão espacial, mas de "alma muito grande".
Muito bela em paisagens. Muito produtiva e solo muito fértil. A melhor de todo o arquipélago em acessos por mar, costas muito acessíveis, belas praias. Centro internacional de ligação com o mundo já que bafejada pela geografia, foi e continua, sendo um capricho autêntico dela própria, e algo que ninguém se atreve a negar.
Tornou-se cidade, não por "capricho" politico, mas por mérito próprio, arrecadado atraves do seu inquestionável apoio ao desenvolvimento e ao conhecimento do mundo.
Em determinada altura, era mesmo a principal, mais cosmopolita e mais desenvolvida cidade do arquipélago. Não só em comercio, como em cultura. Era a "mais pequena, maior cidade do Mundo", assim o diz o escritor e poeta florentino, Pedro da Silveira que por aqui andou. Assim o diz Nemésio enquanto também por aqui andou. Assim digo eu, enquanto por aqui andar.
Sede de Distrito durante dois séculos. Principal porto de apoio à navegação internacional durante os seus longos quinhentos anos. India e Brasil, estavam nas suas rotas, nas idas e nos retornos. Entidades consulares das mais conhecidos e desenvolvidas nações europeias e do mundo de então. O primeiro consulado americano nos Açores. Era vulgar ouvir-se falar pelas ruas da cidade, o inglês, o francês e o espanhol para o qual os autóctones não se furtavam. Um ilustre visitante de nome Franklin Roosevelt, um dos maiores presidentes que os Estados Unidos terão conhecido, Terá tido mesmo a intenção de criar na Horta, a sede das Nações Unidas, quando por aqui andou em 1919, então como Secretario da Marinha.
Apenas um politico açoriano, alias um jovem obreiro e continuador da autonomia, em boa hora viu, esse desiderato: Valorizar a história e o que fora anteriormente conseguido.
É que e à posteriori, tem sido um tal "esvaziar", um esvaziar incontornável e incontrolável.
Como querem ou pensam que é possível pensar em desenvolvimento no Faial?
Como pensam que é possível a fixação das pessoas, na terra de onde são ou foram escorraçados, aquela que afinal amam e desejariam ficar?
O Faial é um
cadinho de emigração sempre activo e sem fim à vista...
Muito havia para dizer...Mas ficamos por aqui,
terminando com o tal verso do Pedro da Silveira:
QUANDO AS LETRAS SÃO IMAGENS
sábado, 23 de junho de 2018
sexta-feira, 8 de junho de 2018
Irracionalidade? Ou a falta de percepção de uma missão?
A irracionalidade, cada vez mais se apropria da mente humana. O homem, (um animal, mamífero como os demais), tornou-se o centro da vida: o decisor, o orientador, o mandante, o grande "senhor" de tudo e de todos. Fez normas, leis; impõe e impõe-se. Diz sim ou não, à morte, à guerra, ao genocídio. Desafia a Natureza, suas leis e mistérios. Mas afinal quem é e o que é o homem?
Para que serve? O que veio "cá" fazer?
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