QUANDO AS LETRAS SÃO IMAGENS
segunda-feira, 24 de abril de 2023
sábado, 15 de abril de 2023
quarta-feira, 12 de abril de 2023
Caro amigo Humberto
Desculpe o atraso desta resposta-avalição em referência ao seu romance “SISMO NA MADRUGADA”.
Aqui vão as minhas impressões muito pessoais, sem intenção de fazer crítica literária em forma de recensão bibliográfica.
A temática de fundo é sem dúvida de alcance arquetípo-universal: a busca do herói pela felicidade e o sentido de vida, partindo da pequena ilha para o universo e a ela regressando no final de vida.
A “saga” de Quevedo impressiona, não só pela conquista individual mas também porque se projecta num amplo contexto global: o século XX e a sua conturbada história sócio-política ocidental.
Como emigrante, na diáspora do espaço e do tempo, identifico-me perfeitamente com a obra que ressoa profundamente no meu projecto de vida cristã e humana.
A viagem cósmica do herói-ilheu faz também lembrar “mutatis mutandis” ou por outras palavras, as andanças épicas da antiguidade e da modernidade.
A trama ou enredo em geral, apesar de algumas falhas de verosimilhança aqui ou ali, arquitectados.
As diferentes cenas narrativas fluem com muito agrado para o leitor devido ao interesse dramático pessoal, emocional, informativo, regional, e universal.
A sequência de enredos desperta um interesse tal, que leva a voltar cada página com entusiasmo renovado.
O narrador soube criar autentico “suspense”.
A galeria das personagens também impressiona, pela quantidade e qualidade. Tanto a personagem central como alguns outros apresentam uma multiplicidade de facetas e cosmovisão que os tornam “ round characters” ou personagens que ressaltam da escrita como seres vivos e autênticos.
Aqui vai um reparo negativo: não perece verosímil, pelo menos da minha experiência de imigrante, que uma personagem em tão pouco “tempo narrativo”, possa alcançar (tal fluência e tal linguística) capaz de publicar “best sellers” em línguas estrangeiras.
Claro que há sempre excepções e génios e o narrador tem o direito de os conceber.
A linguagem utilizada destaca-se também pela alta quantidade e sobretudo pela capacidade qualitativa de recriar ambientes exteriores e interiores, dramatização de cenas, vivências psicológicas e comunitárias de cenas, de suscitar emoções e ambientes de poesia, com a utilização de metáforas e alegorias.
O vocabulário flui abundante, límpido, circunstancial e aliciante.
Aqui vai mais um reparo. Todo o livro precisa uma revisão da pontuação.
Imagino que uma edição de autor não beneficia de tal correcção.
Como professor de línguas estrangeiras estas observações são me peculiares, porém, o livro, é como já lhe disse, uma obra digna de edição por uma casa editorial e não apenas uma simples edição de autor.
Os meus sinceros parabéns por Deus lhe ter concedido talento, tempo disponível e perseverança pessoal para abalançar-se a uma empresa de tal fôlego e envergadura.
Um grande abraço de amizade
Seu admirador de longe
Heraldo
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