QUANDO AS LETRAS SÃO IMAGENS
quinta-feira, 26 de julho de 2012
O que sou, e quem sou eu
EU
Eu?!
O que sou,
e quem sou eu?!
Um maltrapilho,
deserdado?
Um ser faminto de pão,
Paladino de verdade?
Alguém que não sabe o que quer,
Onde está, e para onde vai?
Que ama essa poeira cósmica,
Informe, sedenta de pão,
Toda ela,
Que é Vida,
vertente única da Razão?
Ou serei apenas
mais um fantoche, jactante, insensível,
Transmitindo maldade,
Nas mãos de algum dragão?
Por isso sulplico aos céus:
A jeito de quem quer ouvir:
Eu não sou nada!
Eu não quero nada!
Eu não disse nada!
Mas exijo que me digam,
Porque me puseram aqui,
E o que vim aqui fazer?
E agora a corte de foice,
Porque me vão expulsar?
A mim, um pobre vivente,
Que apenas sabe amar?
H.V. C. de Moura
26-07-2012
quarta-feira, 25 de julho de 2012
Os Trapos...
Minha santa mãe, que Deus já lá tem, quando se falava de velhice, sempre dizia com alguma graça:" velhos meus amigos, só os trapos". E ela pouco mais tinha, do que a escolaridade obrigatória daquele tempo, a super e famigerada quarta classe. Nada de canudos, titulos, mestrados, doutoramentos... Mas sabedoria tinha e tinha muita.
Porque velhice, pese embora "atenuada" com a honrosa fragância do título "senior", continua um estigma, uma fatalidade à la longue, e não o que deveria realmente ser: um repositório de saberes, de experiências, de aconselhamento, de respeito, muitas vezes, de referência, para todos os que povoam este espaço a que deram o nome Terra.
E para não vos tomar mais tempo, algo precioso, neste espaço tão efémero que se chama vida, citarei apenas dois exemplos de vida longa, mais concretamente, daquilo a que chamam velhice, e que em meu entender, e parafraseando uma ilustre personagem do meu último livro de nome João Maria, que dizia com laivos de provocação, que havia homens que nunca deveriam morrer....enquanto que outros... nunca deviam ter nascido...
Trata-se de José Hermano de Saraiva, e de Manoel de Oliveira.
O primeiro falecido há poucos dias. O segundo, felizmente vivo, lúcido e activo. Um com 93 anos. O outro, com 103.
A pergunta que me surge é esta:
Serão velhos estes homens?
O que é então ser velho? Terá algo a ver apenas com a dimensão tempo?
Ou o conceito não terá de ser ajustado ou se calhar, alterado??
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