quarta-feira, 25 de julho de 2012

Os Trapos...

Minha santa mãe, que Deus já lá tem, quando se falava de velhice, sempre dizia com alguma graça:" velhos meus amigos, só os trapos". E ela pouco mais tinha, do que a escolaridade obrigatória daquele tempo, a super e famigerada quarta classe. Nada de canudos, titulos, mestrados, doutoramentos... Mas sabedoria tinha e tinha muita. Porque velhice, pese embora "atenuada" com a honrosa fragância do título "senior", continua um estigma, uma fatalidade à la longue, e não o que deveria realmente ser: um repositório de saberes, de experiências, de aconselhamento, de respeito, muitas vezes, de referência, para todos os que povoam este espaço a que deram o nome Terra. E para não vos tomar mais tempo, algo precioso, neste espaço tão efémero que se chama vida, citarei apenas dois exemplos de vida longa, mais concretamente, daquilo a que chamam velhice, e que em meu entender, e parafraseando uma ilustre personagem do meu último livro de nome João Maria, que dizia com laivos de provocação, que havia homens que nunca deveriam morrer....enquanto que outros... nunca deviam ter nascido... Trata-se de José Hermano de Saraiva, e de Manoel de Oliveira. O primeiro falecido há poucos dias. O segundo, felizmente vivo, lúcido e activo. Um com 93 anos. O outro, com 103. A pergunta que me surge é esta: Serão velhos estes homens? O que é então ser velho? Terá algo a ver apenas com a dimensão tempo? Ou o conceito não terá de ser ajustado ou se calhar, alterado??

Sem comentários:

Enviar um comentário