O mundo das letras, está mais pobre, o mundo das letras em geral, e o das açorianas, em particular. O Daniel de Sá, partiu, deixando entre nós, para além de consternação pelo seu desaparecimento, o valor da sua indiosincrasia e da sua obra, revelada em inúmeros escritos e narrativas, num estilo muito pessoal e próprio, em que ficção e realidade se misturaram , numa amálgama de deliciosa simbiose , recheada de personagens, espargindo gritos e silêncios, gente anónima de terra e mar, lançada com a simples missão de viver, e viver de sonhos, por vezes até sem eles, amordaçada ou escorraçada, nas ânsias de um dia a dia mistificado e penoso, ou de um dia a dia que chega e que morre sem perdão.
Neste universo, difícil e tortuoso (o das letras), em que até ler se tornou exercício árido e raro , Daniel de Sá, foi um homem de fé e de principios, que nunca se afastou dos seus desígnios, das suas verdades, que nunca abdicou da sua visão humanistica e da universalidade da vida e fê-lo criteriosamente. O render da sua guarda é um exemplo, para todos os que queiram enveredar pela penosa e difícil missão de ser contador de histórias. E ele era um contador de histórias. algo já raro entre nós e pelo mundo maqauiavélico que trilhamos...
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