Parar para poder pensar, acontece algumas vezes na vida. São momentos raros, de imensa e intensa emoção, saudade, e beleza. Momentos que nos transportam a outra vida ou vidas, enquadrada em outros tempos, a que demos nome de passado. E a idade é isso: tempo, memória, saudade, passado.
Pode também ser "saber" e "saberes", experiência, sensatez. Pode até ser solidão, tristeza e desilusão.
E mesmo sem querer, esse cínico transformador, do que vive e do que morre, - o Tempo -, esse maganão, insensível e irredutível, vai-nos enredando sem apelo nem agravo, no que fomos, no que somos, no que queremos, desejamos ou iremos ser, daqui a algum, a pouco ou muito tempo.
E aí "entra" o jogo do perverso, daquilo que passa a atormentar-nos, um "óbice" que não deixa seus hábeis e mágicos créditos por mãos alheias.
E logo surge a interrogação e a dúvida. Nascer e viver, por quê a para quê? E morrer?
Neste momento, o tempo concedeu-me uma espécie de moratória, um pequeno espaço íntimo, para inquirir-me sobre o que fui, o que sou e o que desejei ser. Como vejo o mundo: o meu e o dos outros. E as interrogações continuam bastas, confusas: quem fez tudo isto que me rodeia: como, porquê e para quê?
As explicações tardam ou não chegam ou não convencem. A própria ciência falha. E o homem sagaz como é, inventa, recria, recorre ao isotérico, ao desconhecido, e chama-lhe MISTÉRIO.
E eu fico a pensar.