Sou, como alguém sugeriu, um amigo congénito da vida, de toda ela: do seu sonho, da sua felicidade, do seu percurso, dos seus propósitos; da sua grandeza, da sua missão, do seu fim. Mas é no sonho e na dor, sobretudo na dor, que mais me revejo. No primeiro caso, quando ela se inicia e se manifesta. No segundo, quando há sinais de que o fim se aproxima. E é nesse fim, onde tudo se concentra e condensa, onde tudo se inicia (?) e acaba, nesse pedaço de vida, que quase deixa de o ser, em que a história se confunde com tempo, é nesse rebobinar de factos, ideias, erros, verdades e dúvidas, que fico pensando que a própria Natureza, intocada e intocável, vai, também ela, gerando os seus próprios desafios e acumulando alguns dos seus mistérios e erros, e que a perfeição total afinal, não existe. E que o inviável e o inexplicável, andam de mãos dadas, espreitando a vida através da sorte, do injustificável, por vezes inexplicável. E que, quer a filosofia, quer a ciência, vão tentando, através da palavra, da experimentação e do Tempo (outra vez o Tempo), tentando explicar, o que não tem explicação. Falo mais concretamente do fim e da Morte. Do fim da vida, não da sua finalidade, que também deve merecer melhor explicação. A resposta de que assim sempre foi...e que assim sempre será,
não me satisfaz, nem me convence. Acho que a vida, toda ela, merece melhor destino ou pelo menos melhor explicação...Melhor, muito melhor...