domingo, 24 de novembro de 2013

VALERÁ A PENA?

A incredulidade instalou-se (para ficar) no seio da nossa sociedade. Uma sociedade cada vez mais castrada, medíocrizada, que perdeu a memória, o poder crítico, o sentido de avaliação, a necessidade de leitura e análise, a reflexão, o respeito, a gratidão, o rumo, o sentido de missão, a justificação para a Vida. E avançamos sem saber bem porquê e para quê? Não sei se valerá a pena, perder(?) anos de vida, (como eu), para deixar aos vindouros, algumas reflexões, sobre o presente, o passado e alguns desafios ao futuro, para que alguém as leia e analise. A mediocridade instalou-se no pensamento humano e logo na escrita. A ela, juntou-se o gaudio e o foguetório. É um tal publicar livros, que nada dizem, nem de novo, nem de velho, a nada, nem a ninguém, sem sequer têm qualquer utilidade, que não seja a de agradar a mordomias, mas que vendem bem. São bem carpinteirados, bem encadernados, gozam de suportes oficiais (dinheiros nossos), de editoras, são profusamente distribuidos, divulgados, são "engolidos" pela diáspora, com paragonas e laudatórios. Fico perplexo: À degradção intelecual a que chegamos... Falta de autores e rabiscadores? Não! É o que mais abunda por aí. E é a comunicação social a dar um empurrãozinho: é a sua missão, diz-se. Por mim, não sei como ainda existem alguns abencerragens, dinossauros invisíveis, uma meia dúzia talvez, neste país e nestes Açores, que dizem ser região, mas que afinal é uma manta de retalhos, a escrever coisas sérias, como um bom romance, por exemplo. Mas não me admiro. Antes pelo contrário. A política e o apoio à cultura por quem tem esse dever e essa obrigação, é uma vergonha. O livro tornou-se num negócio. As editoras e os livreiros, em matéria de livros, salvo rarissimas excepções, são ignorantes, olham o livro, como batatas e cebolas, vendidos a pêso nos super-mercados. Estou à vontade, porque também as cultivo de boa cepa e para o ano inteiro, com a mesma mão que escrevo livros e Deus me deu. Resta-me, para encurtar tempos e espaços, perguntar: quem os lê? Quem os entende, os livros? Este é um país, culturalmente falido. E pior: Os Açores, mais ainda. Nem sequer se dão ao disfruto, não digo de orgulhar-se, que isto é pedir muito, mas ler pelo menos, o que os seus (muito poucos) escrevem. Abençoado Povo, abençoada Pátria, abençoada Região, retalhada por nove pedregulhos, que tais filhos teve e tem, gente sobretudo que anda despuduradamente à frente dos seus destinos...

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