Em tempo de festa como agora, em que a "Semana do Mar" atinge o seu grande e maior grau de fulgor(?), é altura, em que se torna obrigatório (e permitido), fazer uma reflexão, mesmo que "cheire" a critica séria, sobre a nossa terra, a nossa história, o que acaso teremos de menos mau ou menos bom, para dar, oferecer e vender. Torna-se mesmo quase obrigatório, uma reflexão, que mais não seja para fazermos um balanço sumário e para entendermos o que somos como gente, o que vamos ser ou até o que queremos ser. É costumo dizer-se que o futuro a Deus pertence, o que me parece exagero de confiança ou pior, desinteresse mal assumido. Daí um olhar critico à nossa terra, ao Faial, (considero-a minha, embora não tenha por cá visto a primeira luz do dia), o que não me retira, nem me belisca autoridade, para esta afirmação, cito até a de alguém, que a podia dissertar mais à vontade, dada a sua posição e era também um estranja como eu: fixei-me aqui, dizia, por gostar desta terra: e fixei-me, voluntariamente. Vocês nasceram...Foram naturalmente "obrigados", isto para não dizer "coagidos".
Costumo dizer, e já o faço há algumas dezenas de anos, que o Faial e a Horta em particular, é alguém mal amado pelos seus "inquilinos", isto para dizer, que pouca gente está sensibilizada para o seu valor, o que teve ou o que ainda tem. Passou-se apressadamente um mata-borrão por cima de tudo isto: da memória, das pessoas, dos factos, das coisas, e continua-se adoptando este processo, ou melhor, invertendo-o e que é a realidade bem pior. Já o meu amigo Rogério Gonçalves, um "aristocrata" da pena, dizia: A Horta é a terra da "coisa" rara. Isto para dizer, que se faz um "escarcéu" e um barulho, maioria das vezes, por nada e logo de seguida se esquece o que é importante e está mal, à vista de todos..
Esta quanto a mim, é a tal teoria da "coisa rara".
Um exemplo prático: a Cultura, sempre bem esculpida nas lapelas dos políticos. Este é como sabemos, um meio pequeno: pequeno demais em quase tudo, mas culturalmente houve e há gente que, contra tudo, vai fazendo a sua caminhada e alguma "coisa", muitas vezes com esforços redobrados, em dinheiro, em tempo, em dedicação. As ajudas não surgem de lado nenhum, na divulgação, já que no trabalho, no tempo e no dinheiro, não ia ser fácil, nenhum, nem dos municípios, nem das Direcções da Cultura, dos Governos regionais, Centrais, nem sequer das livrarias, que na maioria das vezes, nem se lembram da pagar aquilo que é a "mercadoria", feito a desoras e à consignação, usando do chamado "calote", à vista desarmada. E parece que o uso tomou forma e não é só da casa. É esta a realidade generalizada. Não há estímulo, não há interesse, nem sequer há a capacidade de escolher e saber o que está bom, bem feito, e sobretudo o que é nosso, isto por parte de ninguém. Não se valoriza, nada! Não há apoios. Não há estímulos. Olho para as próprias montras. Não há lá nada ou o que há é muito pouco e não o mais representativo ou o melhor.
Paciência. Santa ignorância e santa incapacidade.
Amigo que poderei considerar íntimo, que também rabiscava "umas coisas" de quem não vou dizer o nome e que cá já infelizmente já não anda, quando se versavam coisas destas sobre a terra, dizia-me logo: "já sei o que vais dizer: Que gostas muito do Faial, mas das pessoas... "
Tratava-se apenas de uma graça, contendo obviamente uma pitadinha de verdade e de mágoa. O que poderei dizer, é que poderíamos ser melhores, muito melhores, nesta matéria...
Sim. Sinto mágoa, mas penso que tenho feito o que posso. Levo já muitos anos disto. A Ilha é linda; isto toda a gente sabe e se não sabe, com os meios que existem, é porque não quer.
Até alguém, com bons créditos e conhecido pelo seu bom senso, já alvitrou, que ela, a Ilha, estava em divida para comigo. Eu afinal, sempre disse o contrário. Sempre fui altamente bem aceite e respeitado por isso, a divida era minha.Por isso, retribui-lhe com alguns livros.
Não! Não está. E se está, não está pelo menos, só para comigo. Se está, é em primeira mão, para com minha querida mulher, e depois, para com muita mais gente que como Ela adorava ou adora esta Terra. E eu apenas lhes segui o exemplo.
Mas o Amor vale tudo isto e muito, muito mais, embora, a mágoa por vezes, e volta-não-volta, teime em reviver, ou viver em crescendo, mas nunca apagando esse amor...Bem pelo contrário.
Desculpem lá o desabafo. Mas às vezes tem de ser...O que deve ser dito, tem de ser dito.
Bem hajam os que perderam tempo a ler este pequeno desabafo.
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