quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

OS AMIGOS

Um dia, dedicado exclusivamente  aos amigos (humanos), esta quinta-feira, o que é  necessário, e sobejamente pouco. Mas antes pouco, do que nada. E isto para dizer, que os amigos fazem parte do nosso  quotidiano, do nosso dia-a-dia e da nossa vida. E isto para dizer, que quando são amigos DE VERDADE, estão sempre connosco, nos bons e sobretudo,   nos maus momentos. Isto para dizer, que quando involuntária e impiedosamente, lhes chega a hora de nos deixarem para sempre, deixam-nos também, muita saudade e  muita solidão.
Alguém, que é,  um velho amigo,  disse-me recentemente  algo que continuo pensando tentando entender, quanto à perda sem remédio dos que partiram   e  eram nossos amigos,  que    nos acompanharam por este trajecto, por vezes triste, sinuoso e difícil, que se chama vida; disse-me, vejam só,  que eu  não tinha razão, nem se calhar legitimidade para  me queixar, porque  tinha ainda muitos amigos. E à guisa, de graça ou  talvez não, se calhar  ironia ou provocação,  repetiu,  que o que eu afinal não era, "era   amigo de ninguém".
E por aí me fiquei, sem olhar ao trabalho do contraditório, quiçá desnecessário para quem bem  me conhece, e que era o caso, mais  um  para relevar, mas em democracia, cada qual tem (ou terá) o direito de dizer e de pensar o que lhe aprouver, mesmo que para tal exagere  ou não consiga provar o que disse.
E para esclarecer e à guisa de resposta, lhe e vos digo : a minha amizade é direccionada à vida, toda ela. Nem concedo excepções, a não ser obviamente, algumas  prioridades: primeiro, a família, depois os amigos, a seguir os humanos e tudo o que se agite à  volta e faça parte desta grande e incomensurável panóplia e família, que é a Natureza e a Vida.
Por curiosidade, amigos de duas patas foram tantos que lhes perdi a conta ou nunca os contei. De quatro patas, gatos e cães, foram às dezenas, os mesmos  que me nasceram e morreram nas mãos e tive de os fazer as moradas, algumas de lágrima no olho..
Pássaros, continuo-os alimentando: inicialmente, pensando que se o fizesse, me deixariam em paz as uvas, as ameixas e os pêssegos. Em vão. E tal o hábito, que passados  tantos anos,  se tornaram também  família, exigente quanto a horários da papa, e com alguém sempre pronto por trás da janela da cozinha, e alertar para a falta. Tempos houve, em que os mais afoites entravam. Um pisco apresentou-me mesmo à família. Outro andava sempre sentado, tinha de lhe levar o rancho mais perto. Só muito mais tarde descobri que tinha apenas uma perna. É isso. A Natureza tem as suas surpresas; umas boas, outras assim-assim. Afinal e melhor pensando, a Mão que os semeou por cá foi a mesma que nos trouxe, se calhar com
mais sorte.

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