domingo, 26 de maio de 2013

PALHAÇADA? NÃO! COMÉDIA, COMO LHE CHAMAVA BALZAC.

Em democracia, ressalvando  o respeito mútuo que é devido, tudo ou quase tudo, pode ser dito e  discutido.
Vem isto a propósito de por vezes, surgirem palavras ou ditos, mais ou menos conciliáveis, adequadas,  impróprias, ou consideradas como tal, acerca  de personalidades e instituições, que no calor da "contenda" ou da indignação, vão surgindo aqui e ali, à revelia,  do bom senso e da boa educação.
E isto é lamentável. Ao falar-se de palhaçada, fala-se de uma representação, em que as personagens envolvidas, (os palhaços) têm uma função básica: a de fazer rir. Mas não se trata nem é crime, isto porque os palhaços são pessoas respeitáveis e muitas vezes, responsáveis. Chamar palhaço a alguém, pode bem ser, falta de respeito ou de  educação, nada mais, mesmo quando dirigida a pessoas com altas funções de Estado, que merecem ou devem merecer o maior respeito, para não fazerem  perigar essas  funções  e o seu prestimoso cargo.
O que se estará a passar, na vertente política atual,  nacional, europeia, e  porque não mundial, quando bem reflectida,  e escalpelizada ao pormenor, eu diria, para ser mais benévole e coerente,   será, tal como aquela inserida  no título da monumental obra de Honoré Balzac, - uma comédia- , por vezes  trágica, em que os actores, longe de despertarem risos ou sorrisos, despertam antes  sentimentos de revolta,  e de piedade..
Às vezes até assume-se com contornos de álacre (alegre)  palhaçada, mas geralmente aproxima-se muito mais  da trágico-comédia ou do trágico-cómico com resquicios de non-sense. Não é por acaso que o  Eça , num período conturbado da história e vida portuguesa, do século XIX, que relembra  em muito, este em que vivemos, dizia com  ironia e alguma graça: "Este país está a tornar-se numa choldra..."
E TINHA: RAZÃO:A HISTÓRIA ESTARÁ A REPETIR-SE? Choldra ou palhaçada, a distância não é assim tão grande...




domingo, 19 de maio de 2013

HOMENAGENS, CONTRA-HOMENAGENS E AUTO-HOMENAGENS

Velho e sábio  amigo, ao falar-se de "homenagens" e talvez  rebatendo o meu próprio  espírito irrequieto e irónico,  quando surgia o tempo dessas  homenagens, sempre me dizia com um  certo  sorriso no olhar e  um  ar da sua graça: "Recebem- se,  mas  não se comentam..".
Claro, que nunca fui homem para me calar,  dar por vencido ou deixar passar em claro um desafio.  E aquilo era um desafio. Assim, e  no mesmo tom, e até  sorriso, sempre lhe dizia: ora amigo, isto   era no tempo da "outra senhora".
Mas  verdade, é que, com esta ou    outra  senhora qualquer,  (seja   ela rex pública,  ditadura,  democracia,  monarquia),  as homenagens surgiram,  vão surgindo, e  continuam para durar. São do homem, fazem parte dele. E eu concordo  com elas até certo ponto.
Porém e tal como questionava ao meu saudoso amigo, só são válidas, quando alguém  as merece,  alguém que deixou obra, que foi diferente, que fez o que pouca gente conseguiu, fez ou  foi alvo da própria mesquinhice humana ou dela se libertou. Isto para dizer, alguém que sendo igual, foi diferente.
E tal como hoje,  questionava da sua  avaliação, de como era feita, de quem a fazia ou tinha esse poder, essa virtude, essa qualificação, essa competência, essa capacidade, ou até  esse até sexto sentido.
Vinha como resposta:  havia os curriculos, as opiniões, o povo, os políticos, os governos, as autarquias, os poderes, os académicos, um rór de gente, que tudo sabe e tudo faz, mas que  não  fez ou  deixou     pouco feito  ou quase nada. Mas o povo, leia-se O ZÉ POVINHO, esse protagonista avalisado a avalisador, (quando convém),  ainda sabe menos, por isso mesmo, o meu amigo tinha razão.
As homenahgens são para se receber. Mesmo aquelas, (a grande e a maior parte), as chamadas auto-homenagens,
Aquelas feitas da família à família, à parentela, à classe,  à cor, à simpatia, ao amigo, ao chefe, ao filho, ao neto, à sogra, ao perceiro do lado  ou à parceria e irmandade. Ou àquele que leva a vida a tê-las, sem saber bem como e  porquê de as ter?
Ao passar mais um período de homenagens pelo terrítório português, o Continental, sufragando um poeta - Camões- , que quando vivo passou  fome, e aqui pelos Açores, uma festa que virou festança-,  O Espírito Santo-, malgrado a própria igreja a seu tempo ficar desagradada, e que a política aproveita e bem, apetece-me concluir: Isto é, e foi sempre igualzinho. As moscas é que são apenas  outras...




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quarta-feira, 15 de maio de 2013

Ainda o "caso" do Projecto da reestruturação do Serviço Regional de Saúde


 Já, e por diversas vezes, abordei esta questão. A de que o Hospital da Horta, era, se não o melhor, um dos melhores Hospitais dos Açores, e até, no seu conjunto, do país,  quer pela forma como os utentes são ali  atendidos, quer pela capacidade técnica do seu pessoal. Apenas, e a isso também fiz refrência, faltavam-lhe algumas valências, como neurologia e outras, em que certas patologias merecem um acompanhamento mais atento ou  permenente.
Agora, e esta não é a primeira tentativa, tenta-se de uma colhertada, sonegar algumas, valências  em vez de suprir as que faltam, três de uma assentada, duas sobretudo, que eram exemplares: urologia e oncologia, embora sabendo-se que a última, era  feita por um internista, que a executa de forma muito dedicada e  brilhante.
Por diversas vezes consultei pessoalmente o serviço de  urologia, um serviço com uma afluência por vezes desmedida, em que o seu  mentor, um  urologista  credenciado,  fundador do serviço de urologia, de um Hospital também ele credenciado, que faz parte da rede dos Hospitais Civis de Lisboa, o "Pulido Valente", por vezes, nem almoçava enquanto não se esgotava a "avalanche" de utentes, o que acontecia por vezes depois dos 16 ou 17 horas.
Não sei se alguém viu isso. É porque só se vê, aquilo que não  agrada ou não convém. Gente dessa não há muita por aí, mas o Hospital da Horta, tem alguma. Por mim., que já passei por alguns Hospitais  dos Açores e do Continente, não conheço, aliás como já disse,  humanamente melhor. Costumam até dizer em gíria, que "aquilo" é uma "clinica", tal o tratamento que as pessoas ali recebem. Faltam algumas especialidades é certo, o que é o seu ponto mais fraco. Mas as que tem, são boas a qualquer nível e em qualquer parte. Retirar as que existem ou alguma das que existem, não  só é  um erro técnico ou estratégico, mas é sobretudo um êrro social  grave,  e até político que pode  levar à própria  indignação.O Hospital da Horta, devido à sua situação geográfica,   hoje em dia, pode perfeitamente agregar clinicamente três lhas, já que diariamente, mesmo de Inverno, tem  ligações directas Faial-Pico-S.Jorge , o que permite ida e regresso diariamente entre essas ilhas. E as cifras aplicadas aos grandes aglomerados populacionais, nada, repito nada, têm a ver com os Açores. E é por isso mesmo, que à conta da insularidade e da distância ,  se criou um regime de excepção, chamado  " Autonomia".
Será que quem elabora esses projectos, não viu, ou não percebe o que isso significa? Será que a contenção, é para  agravar ainda mais a insularidade?
Vamos consultar as consciências e ter mais juízo.

É que isto pode abrir  precedentes...

Ou será mesmo que Autonomia, poderá querer significar  antinomia?

segunda-feira, 13 de maio de 2013

SE ME FOSSE POSSÍVEL, DEMITIA-OS, OBVIAMENTE

Se me fosse possível alcançar o poder, embora não o desejando, de qualquer forma ou     a qualquer preço, ou até aquele que é conseguido nas urnas e pelo voto (sufrágio), mas o outorgado pela expressão universal  do Divino,  eu, neste momento, obviamente o que fazia,  era  demitir o Governo da República, e logo de seguida, o seu congênero açoriano, embora  sabendo-o de família diferente.
Razões . O primeiro, porque olhando mais a fins (os seus), do que a meios, vai a cada dia, destruindo a estrutura do país, empobrecendo-o e levando à miséria os seus autóctones e as suas instituições, e aí sim, sem olhar a meios.
É um governo mercantilista, sem experiência e sem noção do que é ou significa o Estado, subalternizando-o ou  servindo-se dele quando os interesses vão surgindo. É um governo que se intitula de social-democrata, mas nem  sequer aos seus militantes, transmite essa idéia. É um governo pré-mandado (pau-mandado) e pré-datado, que não concita, nem a admiração, nem a confiança de ninguém, a não ser da Troika, uma organização cada vez mais desacreditada, falhada de intenções e idéias.
O açoriano, um governinho bicéfalo, São Miguel-Terceira, que aligeirando-se das outras sete, repetimos sete ilhas, e alicerçando-se na quantidade e na aritmética, vai, em nome dos números, e curiosa etalvez por inépsia,  hegemonizando apenas  duas ilhas, esquecendo o desenvolvimento,  as  apetências ou as próprias condicionantes históricas (memória),  que presidiu ao próprio contexzto geo-político  reformulado através da experiência e da história. Isto para dizer que, e por exemplo,  da necessidade de fixação das pessoas, nas ilhas mais pequenas ou despovoadas, já que cada vez mais se agudiza essa situação, porque os centros de decisão, de poder, e de oferta de trabalho, sobretudo público, vão  sendo sonegados, esmagados  ou absorvidos. Assistimos incrédulos por exemplo, à Escola de Magistério da Horta, hoje com nome mais pomposo, transladada para outra ilha e que formava professores de reconhecida competência, que deram provas por todo este mundo português. Ao Banco de Portugal. À Guarnição Militar (BIDC1), restando apenas um quartel em ruinas.À Rádio Naval da Horta., que durante quase um século tão proficuamente assistiu a navegação que por aqui demandava ou ao largo passava E a tantas outras instituições, que sem respeitar a geografia ou a Autonomia, vão indo, desistindo, em nome de alegações ridículas ou interesses  mesquinhos ou bairristicos.
E muitas outras instituições, que a troco do ordinário cliché do tempo da outra senhora "não se justifica", são extintas por aqui (Horta), mas que vão engrossar as outras duas, ou apenas uma ilha...Tudo isto e curiosamente, quando mais do que nunca,  os transportes são mais eficientes, embora a concepção arquipelágica, mereça sempre actualização nessa matéria. Isto por exemplo, nas ilhas do chamado Triângulo, Faial-Pico-.S.Jorge em que existem ligações,   rápidas e diárias.
Agora surgem novidades, desta vez com a "nossa jóia ", o Hospital da Horta. De novo e outra vez, lá vem a história da aritméca: para isto ou para aquilo, são precisos cinquenta mil,  cem mil, cento cinquenta mil utentes. Outra vez lá vem  o  Não se justifica...vindo de alguém, que defende de punho cerrado uma Autonomia para os Açores, e isto porque são diferentes do contexto continental, porque têm mar e céu pelo meio, porque há invernos de meter medo, etc etc., e que por vezes os próprios aviões são cancelados, dá exemplos desses?...A própria Autonomia, que já tem muitos anos, e que remonta a períodos pretéritos e até conturbados do século XIX, assim o achava,  muito antes destes autonimistas levezinhos andarem a impingir-nos estas e outras, mas também num século em que  (um sr. deputado pela Terceira) achava que não eram necessários três Distritos, dois davam e sobravam; Angra e Ponta Delgada, pudera...
O que agora acontece, não é quererem retirar-nos o título ou galardão de  Distrito, porque  este já  foi,  tal como diz o Mendes, da RTP.
O que nos querem tirar ou retirar em nome dos tais números aplicáveis ao Continente, ou à UE, (que em breve será de triste memória), o que nos  querem retirar, diziamos,  é mesmo valências, especialidades, serviços importantes, ao Hospital e a todos nós que dele benificiam, estamos a falar em pelo menos cinco ilhas do arquipélago - Pico - Faial -  S. Jorge - Flores e Corvo, em vez de os darem mais algumas de carência absoluta..
O Hospital da Horta, quer pela sua situação geográfica, quer pela sua referência histórica,  tem e sempre teve, uma vocação para a centralidade, embora contrariando essa insofismável realidade, hajam vozes vindas do mar, ou do tempo dos capitães generais, gritando o contrário.Tudo isto, pensamos, anda a merecer uma vassourada. E esta gente menor, tal como dizia o Hermano Saraiva,  o que pensa que é? Ou o que está fazendo?. Apanharam a Democracia de mão beijada, com o esforço dos outros, eu humildemente  incluido, que fomos dando e levando, em nome de tudo isto, para ser e ficar melhor do que era.... Afinal em que ficamos? Quem é o "especialista" político se calhar especialista "não médico" que andará por detrás de tamanha façanha...Saberá o que são ilhas,  insularidade, o mar, e a terra que estará a  orientar ou a "des(orientar)"?

domingo, 12 de maio de 2013

quarta-feira, 8 de maio de 2013

MESMO SEM CARVALHOS E LIMAS, CONTINUAMOS LONGE

Tinha para aí,  pouco mais de uma dezena e meia de anos, e Lisboa era exactamente o que eu pensava: uma cidade encantadora, onde os automóveis corriam vertiginosamente ao longo das avenidas, traçadas por Pombal. Dos monumentos magestosos; do D. Maria e do S. Carlos; do Parque Mayer e da Feira Popular, onde havia  a jocosa revista à portuguesa e o boxe foleiro, à noitnha; das buzinas e bandeirinhas, as nacionais e as outras, as nacionalizadas p´rás marchinhas e  p´rá bola; Da ginginha, da sardinha assada e da económica,  ali às Portas de Santo Antão. E muitas outras minudências que  deixaram saudades. Ó tempo volta para trás? Não!Não pode! E já lá vão cerca de seis décadas. Seis!
Os Açores, de binóculos assestados nos Carvalhos e nos Limas, estavam à distância de uma semanita de céu e mar. Enjoar, nem se fala. Aquilo é que era vida. Ir por exemplo, sem acomodações...em cima do porão. Ou nos "camarotes", salvo seja, dos boieiros,.. eram uma delícia. Os Açores ficavam por essa altura,  longe. Eram mesmo,  muito longe. Telefones? O que era isso? Havia os telegramas, taxados à palaavra...Era a economia, virando comunicação.
Jornais ou revistas, falando dos Açores? O que se fazia  e o que não se fazia, como era a vida; quem eram e como eram os açorianos? Brancos, pretos,   mestiçoes? Como se ia de ilha para ilha?
Resposta: a pé,  de calça bem arregaçada, com bom tempo, vento de feição e a maré baixa...
Hoje, pese embora  pouca gente acreditar nessa de "maré baixa", e haja muita gente deste lado por lá a viver e a estudar, certo, certinho, é que a curiosidade continua. E o desconhecimento também.
Eram ilhas e arquipélagos autónomos, Açores-Madeira, até houve um jornal utilizando esse nome, mas estavam muito longe. Tinham Distritos e Governadores? Tinham Juntas Gerais?Tinham Autonomia?
Tinham um pouco de tudo isso, sim senhor. Depois veio a democracia. E agora, têm Distritos e Governadores? Juntas Gerais? E Autonomia? Têm um pouco de tudo isso, sim senhor. Não vamos aprofundar esta matéria, porque ia ser, um vê-se-te-avias e um nunca mais acabar.Quanto aos governadores, têm aparecido ultimamente  alguns ou muitos e governados também. Mas quanto à apelidadada região (?), continua distante e longe, e continua a haver um desconhecimento total do seu dia a dia (tal como há seis décadas), do que se faz, do que se pensa, do que se sente, do que se diz, do que se quer, do que se anseia, do que se aspira,  do que se escreve,  da cultura e dos seus,  os que a consagram ou são  patrocinadores, a eles continua a dizer-se: NADA. E Continuamos e até somos todos uns ilustres desconhecidos. Só uns quantos "exilados" ou "emigrados naquele país",que afinal  é o meu e  que  amo, é que, de vez em quando, vão dando um fugaz ar da sua graça, fazendo um livreco, dizendo uma piada ou dando umas pinceladas ou uma pedrada no charco, mas sempre de fora para dentro. As editoras (um negócio ou uma negociata) estão lá sempre à mão. Por cá, mesmo elas não sendo  uma benesse celestial, nem isso temos, e isto, porque é negócio mesmo e o negócio quer calma e numeros..
Conclusão: para que esta narrativa, não se torne entediante vamos pôr ponto final dizendo: Somos e vamos continuar por muitos mais anos, ilustres desconhecidos.
Nem jornais, nem Televisões, nem comunicações social, tudo anda em sentido contrário aos ponteiros do relógio ou nem sequer há relógio ou se o há, perdeu os ponteiros...
Bem haja o  tal  de Relvas, que ainda antes de licenciatura, pôs a estação regional (a nossa) de TV, a rebobinar memórias. E ela,  a memória, é do melhor que   temos, mesmo que seja triste, como a nossa. E já agora,  esta de memória, é apenas  para quem  lê ou conhece história, o que já   se cifra em muito pouco hominídeo, que por aí vai ibernando...


terça-feira, 7 de maio de 2013

QUERO APLAUDIR

O homem que escreve, deve ter sempre em mente e bem  presente, a imparcialidade do seu juizo.
Criticar é preciso, mas elogiar também.
É por isso, que depois de deitar abaixo e  por diversas vezes, muitos dos projectos e das decisões ou iniciativas deste governo, não posso agora,  deixar de elogiar uma medida decretada recentemente.
Ao que parece, alguns medicamentos, desapareciam misteriosamente dos circuitos nacionais.
Medicamentos, em que a sua falta fazia perigar os portugueses, sobretudo os mais idosos.
E isto acontecia, porque alguns intervenientes na distribuição do medicamento, os exportavam a seu bel prazer, para países que lhes oferecem mais dinheiro. Dinheiro, sempre o dinheiro.
O governo, aliás, como lhe competia, e bem, proibiu essa situação. Enquanto o mercado nacional não estiver abastecido, não há  razoila para ninguém.
E isto  que aconteceu  é simplesmente de APLAUDIR. Já é tempo de ir pondo algumas   coisas (e pessoas), na linha. Isto de democracia à moda da joana, não pode ser...
Aplaudo esta decisão e faço votos para  que medidas como esta, vão acontecendo e que os prevaricadores, vão sendo chamados à pedra ou postos à sombra de fortma recatada...

quarta-feira, 1 de maio de 2013

REFLEXÃO SOBRE O DIA DO TRABALHADOR

Agostinho da Silva, humanista, filósofo e personalidade que muito admiro e respeito, defendia a tese, que pode bem ser considerada eclética, de que o homem não fora criado para trabalhar. Efectivamente, e com a devida vénia e licença, tomo a liberdade de acrescentar, que nenhum vivente conhecido, foi na verdade criado para trabalhar. E mesmo, sem querer rebater ou contestar tamanha máxima, antes pelo contrário, entendo que, mais do que nunca, o século que ora vivemos-, o XXI-, exorta, sem honrar, essa mesmo idéia. Ou seja, o trabalho, mesmo por vezes seguro e bem remunerado, passa, ao longo da vida, ao largo de muita boa gente. Mesmo no dia que lhe foi consagrado-, o 1º do mês de Maio-, que, sem querer rebobinar a sua penosa, mas aliciante história, é consagrado ao parlatório, político, quase sempre, e "helas!", ao descanso. Nesta angustiosa passagem de século e de testemunho, em que o desemprego é talvez uma, se não a maior, das grandes fatalidades a reescrever na história, pode faltar o emprego ou a remuneração, por culpa do próprio homem ou pela sua ignominiosa ganância, e embora contrariando Agostinho da Silva, entendo que o trabalho continua necessário, e mais-, vicejando por todo o lado. A teoria do velho amigo, que recordo com saudade, e que por lá já anda, que me dizia com alguma graça, quando lhe asseverava: "Diacho! Hoje trabalhei como um negro..." ao que ele a sorrir, sempre perguntava: com que enxada?