Velho e sábio amigo, ao falar-se de "homenagens" e talvez rebatendo o meu próprio espírito irrequieto e irónico, quando surgia o tempo dessas homenagens, sempre me dizia com um certo sorriso no olhar e um ar da sua graça: "Recebem- se, mas não se comentam..".
Claro, que nunca fui homem para me calar, dar por vencido ou deixar passar em claro um desafio. E aquilo era um desafio. Assim, e no mesmo tom, e até sorriso, sempre lhe dizia: ora amigo, isto era no tempo da "outra senhora".
Mas verdade, é que, com esta ou outra senhora qualquer, (seja ela rex pública, ditadura, democracia, monarquia), as homenagens surgiram, vão surgindo, e continuam para durar. São do homem, fazem parte dele. E eu concordo com elas até certo ponto.
Porém e tal como questionava ao meu saudoso amigo, só são válidas, quando alguém as merece, alguém que deixou obra, que foi diferente, que fez o que pouca gente conseguiu, fez ou foi alvo da própria mesquinhice humana ou dela se libertou. Isto para dizer, alguém que sendo igual, foi diferente.
E tal como hoje, questionava da sua avaliação, de como era feita, de quem a fazia ou tinha esse poder, essa virtude, essa qualificação, essa competência, essa capacidade, ou até esse até sexto sentido.
Vinha como resposta: havia os curriculos, as opiniões, o povo, os políticos, os governos, as autarquias, os poderes, os académicos, um rór de gente, que tudo sabe e tudo faz, mas que não fez ou deixou pouco feito ou quase nada. Mas o povo, leia-se O ZÉ POVINHO, esse protagonista avalisado a avalisador, (quando convém), ainda sabe menos, por isso mesmo, o meu amigo tinha razão.
As homenahgens são para se receber. Mesmo aquelas, (a grande e a maior parte), as chamadas auto-homenagens,
Aquelas feitas da família à família, à parentela, à classe, à cor, à simpatia, ao amigo, ao chefe, ao filho, ao neto, à sogra, ao perceiro do lado ou à parceria e irmandade. Ou àquele que leva a vida a tê-las, sem saber bem como e porquê de as ter?
Ao passar mais um período de homenagens pelo terrítório português, o Continental, sufragando um poeta - Camões- , que quando vivo passou fome, e aqui pelos Açores, uma festa que virou festança-, O Espírito Santo-, malgrado a própria igreja a seu tempo ficar desagradada, e que a política aproveita e bem, apetece-me concluir: Isto é, e foi sempre igualzinho. As moscas é que são apenas outras...
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